Há alternativa à hegemonia e homogeneidade dos Meios de Comunicação Social privados?

14:30

A edição deste mês do Le Monde Diplomatique – edição portuguesa dedica um artigo de duas páginas ao Democracy Now, um programa de rádio americano de grande sucesso surgido da militância de um grupo de pessoas de uma comunidade do Tennessee.
O Democracy Now, segundo o artigo, orgulha-se de “tratar a actualidade sem ter na mira o lucro, sem ligações a partidos e sem recursos obtidos através da publicidade, do patrocínio de empresas ou de fundos públicos” (p. 8). Segundo o artigo, “as receitas do programa provêm unicamente dos donativos (ouvintes e associações), dos direitos pagos pelos difusores e da comercialização de DVD e t-shirts” (p. 8).
A escassez de receitas do Democracy Now obriga-o a optar pela diferença que assenta numa “análise da actualidade que reflecte uma hierarquia diferente da que existe nos grandes media. Os seus produtores apoiam-se em fontes acessíveis a todos, particularmente na Internet. A massa de informação disponível permite-lhes escolher os temas e as abordagens que não se encontram em mais lado nenhum, mas faz com que o seu trabalho editorial seja ainda mais decisivo.” (p. 8) Dos sítios de Internet que o Democracy Now pesquisa fazem parte não apenas as agências de informação mas também ONGs e blogues.
De realçar o facto de que o Democracy Now, apesar da sua popularidade e estabilidade financeira actuais, deve o seu arranque e solidificação aos seus voluntários de várias partes do globo. Como refere Karen Ranucci, directora-geral do programa, citada no artigo, “Hoje poderíamos fazer o programa sem o apoio deles [voluntários], mas nunca teríamos chegado a este ponto sem eles” (p. 9).
Há pelo menos duas razões apontadas para a popularidade do Democracy Now: a pluralidade e heterogeneidade de vozes que põe no ar e a opção por uma visão da actualidade diferente da oficial.

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Referência bibliográfica: Danielle Follett e Thomas Boothe, “Democracy Now: dar voz à esquerda americana” in Le Monde Diplomatique – secção Portuguesa, nº 15, II série, Janeiro de 2008


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