E. U. A.

Troco Barack Obama por Jill Stein

14:57


Jill Stein em Nova Iorque, durante uma das manifestações do movimento Occupy Wall Street. 
Fonte: Wikipedia.

Devo dizer que há quatro anos também eu me entusiasmei com a vitória de Obama. O entusiasmo pode ser visto aqui mesmo neste blog. Emocionei-me com os vídeos da campanha, com os seus discursos minuciosamente escritos e andava eu também a cantar a música "Times are changing" do Bob Dylan por tudo o que era canto. Afinal, era um presidente negro, com um discurso progressista, com uma visão dos EUA e do mundo que prometia mudanças empenhadas: a saída das tropas do Iraque, o encerramento de Guantánamo, o empenho na resolução do conflito entre Israel e a Palestina, que aliviaria as tensas relações do ocidente com o mundo árabe, o reforço - interno - dos direitos civis, a melhoria das condições de vida das populações menos favorecidas, só para mencionar as mais importantes. O discurso do presidente Obama no Cairo, a 4 de Junho de 2009, foi uma lufada de ar fresco para os países do Médio Oriente e impunha um tom diplomático e esperançoso à governação estadunidense [1]. Todos aguardávamos ansiosos e entusiasmados o que aí vinha. Mas depois veio apenas o que todos sabemos. 
Hoje vemos Obama como o melhor de dois males, o mal menor. E hoje ele é um ícone estadunidense precisamente por isso: é, de facto, uma lufada de ar fresco que veio substituir o tonto, ultra-conservador e pouco informado Bush. Em comparação, não temos dúvidas. Mas é só isso.
Acontece que nunca ninguém se lembra de que há outras opções. Nos Estados Unidos da América existem mais de setenta partidos políticos [2] para além do Partido Republicano e do Partido Democrático, 4 dos quais - o Partido Verde, o Partido Libertário, o Partido Reformista e o Partido da Constituição - apresentam, efectivamente, candidatos presidenciais. Entre estes mais de 70 partidos há partidos independentistas, como o Partido Independentista Portorriquenho, o Partido de Independência do Alasca,  e outros da ala mais à esquerda como o Partido Comunista e o Partido Socialista dos Trabalhadores (ver também a página http://www.pathfinderpress.com). A razão pela qual nenhum deles tem visibilidade e a razão pela qual nenhum chega a ser sequer considerado um sério opositor ao bipartidarismo democrata-republicano só pode chamar-se lobby e propaganda. A pressão pelo voto útil é, no mínimo, antidemocrática e é útil, de facto e apenas, para o sistema, que se esmera em manter na linha pobres, anti-capitalistas, anti-imperialistas e os bichos-papões da esquerda radical (no país onde, para os media mainstream, qualquer esquerda é radical). 
A Platypus Society, uma organização progressista de esquerda criada em 2006, que tem por missão trazer para discussão aquilo que designam por velhos tabus de esquerda, entrevistou recentemente Jill Stein, a candidata do Partido Verde para as mais recentes presidenciais estadunidenses de 2012. Vale a pena ler a entrevista e ter esperança de que nas próxima eleições os estadunidenses venham a ter um presidente com as ideias semelhantes à dimensão do seus país, e não à dimensão de Wall Street. Os EUA, para bem do resto do mundo, são mais do que isso. A entrevista a Jill Stein pode ser lida na íntegra aqui.
"The effort to silence independent politics—ever since the Bush-Nader-Gore election there has been a campaign that tells us that we have to be quiet—is a smear campaign being waged against the very idea of independent third parties. It is political repression, an effort to silence political opposition."
"As Louis Brandeis said, “We can have either a democracy or vast concentrations of wealth.” We currently have had a vast concentration of wealth, and this trend has continued to accelerate under both Democrats and Republicans. Neither party offers any exit strategy for ending the crisis we are facing. There may be small differences around the margins between what Obama and what Romney is talking about. But these are very small compared to what they actually do—which is the same." 
"The problem with the two-party system is that it is a sitting-duck. There is a lot of money out there. As I said before, we have got vast concentrations of wealth in this country, and that inevitably translates into political power. If you only have two parties, it is very easy for the economic elite to buy out both. So, it’s really simple: The economic elite controls both parties and the differences between them are around the margins." 
Jill Stein
Sempre que o nosso foco incide sobre um dos candidatos do sistema bipartidarista estadunidense, são candidatos como Jill Stein que silenciamos. 
___

[1] Uso o adjectivo 'estadunidense' em homenagem ao meu marido, que, sendo brasileiro, me corrige sempre os termos 'americano'e 'norte-americano'. Americanos são todos os habitantes do enorme continente americano, já geograficamente dividido entre América do Norte, América Central e América do Sul, diz-me ele.  Com esta opção não invalido os outros termos, nem pretendo fazer dela autoridade. É apenas uma opção discursiva, com tudo o que ela implica.

Diversidade

"A Galiza e a sua língua no contexto europeu", por Maria Dovigo

12:01



"A Galiza e a sua língua no contexto europeu" é o título da conferência que Maria Dovigo dará no dia  24 de Novembro, às 16h, na Universidade Lusófona, em Lisboa. A conferência faz parte do Projecto Timor-Diáspora 2012 – Projecto de Comemoração na Diáspora do 10º Aniversário do dia 20 de Maio de 2002 ou do 10º Aniversário da Independência de Timor-Leste/Lorosa’e.

Mais informações em http://timor-diaspora.com/?p=1008.

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.