Anarquia

Reinventando Marx

23:37




"Marcello Musto: Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Na última década, vimos a crise financeira do leste asiático, que começou no verão de 1997; a crise econômica Argentina de 1999-2002 e, sobretudo, a crise dos empréstimos hipotecários que começou nos Estados Unidos em 2006 e agora tornou-se a maior crise financeira do pós-guerra. É correto dizer, então, que o retorno do interesse pela obra de Marx está baseado na crise da sociedade capitalista e na capacidade dele ajudar a explicar as profundas contradições do mundo atual?
Eric Hobsbawm: Se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que, como você diz corretamente, a recuperação do interesse por Marx está consideravelmente – eu diria, principalmente – baseado na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. A atual crise financeira mundial, que pode transformar-se em uma grande depressão econômica nos EUA, dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta.
As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. É claro que qualquer “retorno a Marx” será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas auto-geradas com dimensões políticas e sociais. Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre."

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/
Via: http://momentosydocumentos.wordpress.com/

A entrevista pode ser lida na íntegra no primeiro link.

Direitos

Na pele de um imigrante

17:13



A Breakthrough, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que usa a educação, os media e a cultura popular como meios para promover os direitos humanos, desenvolveu o ICED ("I Can End Deportation"), um jogo para computador que tem como objectivo dar a conhecer as dificuldades com que um imigrante ilegal se depara quando entra em território dos E.U.A.. O jogo tem um declarado cunho de alerta social: o jogador do ICED, que conta com cinco personagens criadas com base em casos reais, tem como principal missão conquistar a cidadania norte-americana, tentando ultrapassar alguns obstáculos e tomando decisões importantes para o rumo do jogo.
O jogo pode ser descarregado para PC ou Mac em http://www.icedgame.com/#1. Neste sítio é também possível encontrar informação sobre a política de imigração dos Estados Unidos e ainda um itinerário para professores, para ser usado com os alunos nas aulas. Este itinerário é constituído por uma planificação para quatro aulas, em que os debates sobre as questões sobre imigração ocupam o centro, e também por sugestões para mobilização ou chamadas de acção tendo em vista o mesmo tema.

Nada mais a propósito, dois dias depois do Governo Espanhol ter oficializado o "Plano de ajuda ao retorno Voluntário de Imigrantes" e alguns meses depois de o Parlamento Europeu aprovar a sua controversa “Directiva do Retorno”.

fonte: http://www.revistabr.com/ (p. 22)

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