Direitos

Do Papa e da Igreja Católica

16:20

Comunicado que eu gostaria de ler numa primeira página de um jornal qualquer

«ULTIMA HORA
Esta mañana en un comunicado por demás sorpresivo para los millones de fieles de la iglesia católica axial, como para sus detractores, Ratzinger, en su calidad de "papa" para los católicos, anuncio que el resto de la totalidad de su papado la dedicara al desmantelamiento sistemático y final de las operaciones de la iglesia católica alrededor del mundo.

Aseguro estar cansado de ser parte de una puesta en escena de control y sometimiento de las masas y que una de sus primeras acciones será la de ofrecer una disculpa mundial por todos los siglos de engaños, asesinatos, mentiras, robos y saqueos enarbolando el estandarte de "representantes de dios", que por cierto dijo, "nadie en el vaticano cree que en verdad exista".

De la misma forma y con igual prioridad, aseguro que los inmensos bienes de la iglesia, sus millones de dólares en bancos alrededor del mundo, sus tesoros artísticos, y la totalidad de sus acciones e inversiones diversas en las bolsas bursátiles del mundo serán puestas a disposición de los mas desamparados que curiosamente, "son los que mas aportaban a las arcas del imperio" dijo con una sonrisa irónica.

A la pregunta de que pasara ahora con las ilusiones y temores de las masas arrabaleras, se limito a encogerse de hombros y decir::

"Hey, yo tan solo los estoy liberando de siglos de opresión y engaño, tampoco soy su Mama".

Ante los ojos estupefactos de los periodistas paso entonces a retirarse anunciando que poco a poco irá haciendo públicos los detalles de sus planes de Liberación de las conciencias de los adoctrinados, no sin antes aprovechar la ocasión para pedir perdón públicamente ante los jóvenes de todo el mundo adoctrinados por la iglesia católica por casos masivos de pederastia de los irresponsables del clero de la iglesia católica y su delictiva conducta, y también pide perdón del delito deliberado, sistemático y organizado durante décadas de encubrimiento, unido al descrédito de las víctimas, traumatizándolas de por vida y a la justificación tan absurda como delictiva.»


Comentário do usuário LaHorquilladelHereje ao artigo "La inmunidad del kit peregrino" no Público.es.

Identidade

A imagem e o anonimato - Parte III

15:39

E para terminar o tema, o sempre actual Jorginho:



"Vou falar-vos dum curioso personagem: Jeremias, o fora-da-lei
Descendente por linha travessa do famigerado Zé do Telhado
Jeremias dedicou-se desde tenra idade ao fabrico da bomba caseira
Cuja eloquência sempre o deixou maravilhado

Para Jeremias nada se assemelha à magia da dinamite
A não ser talvez o rugir apaixonado das mais profundas entranhas da terra
E só quando as fachadas dos edifícios públicos explodirem numa gargalhada
Será realmente pública a lei que as leis encerram

Há quem veja em Jeremias apenas mais uma vítima da sociedade
Muito embora ele tenha a esse respeito uma opinião bem particular
É que enquanto um criminoso tem uma certa tendência natural para ser vitimado
Jeremias nunca encontrou razões para se culpar

Porque nunca foi a ambição, nem a vingança, que o levou a desprezar a lei
E jamais lhe passou pela cabeça tentar alterar a Constituição
Como um poeta ele desarranja o pesadelo para lá dos limites legais
Foragido por amor ao que é belo e por vocação

Jeremias gosta do guarda roupa negro e dos mitos do fora-da-lei
Gosta do calor da aguardente e de seguir remando contra a maré
Gosta da forma como os homens respeitáveis se engasgam quando falam dele
E da forma como as mulheres murmuram: fora-da-lei

Gosta de tesouros e mapas sobretudo daqueles que o tempo mais maltratou
Gosta de brincar com o destino e nem o próprio inferno o apavora
Não estando disposto a esperar que a humanidade venha alguma vez a ser melhor
Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora
Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora"

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Música e letra: Jorge Palma, 1985

Site oficial de Jorge Palma: http://jorgepalma.pt/.

Blogosfera

A imagem e o anonimato - Parte II

12:20


Vem este post a propósito deste post de ontem. Quando acabei de o escrever lembrei-me de muitas outras coisas a propósito de anonimato que gostaria de ter dito.
Uma das coisas que me pareceu importante referir é o facto de nós não vivermos completamente escondidos atrás do anonimato. Quando nos expomos por trás de um nickname ou de um pseudónimo, trazemos para ali parte do que nós somos, ainda que seja a antítese do que somos no quotidiano, com a cara destapada. Tenho a certeza de que este é um tema que terá já merecido artigos e reportagens interessantes: onde será que usamos a máscara? Online ou fora dela? Na minha opinião, todos os lugares que povoamos são fragmentos da nossa personalidade e identidade. Existimos em todas as nossas dimensões em dimensões diversificadas.
Claro que há auto-censura. Mas essa censura existe fora ou dentro da rede, anónimos ou não. Ela faz parte da vida em sociedade e, se analisarmos bem, mesmo longe do olhar inquisitivo dos outros, também nos censuramos a nós próprios. E ainda bem! Seria no mínimo estranho se não existisse um mecanismo qualquer capaz de moderar os nossos impulsos primários.
Outra das coisas que me lembrei depois de ter escrito o post de ontem foi de um colega dos tempos de universidade (já lá vão mais de 11 anos), que eu sempre estimei pela maturidade das suas posições, que se dizia anarquista e se recusava a votar. Não votava porque, dizia, não acreditava no sistema e não queria fazer parte dele. Anarquistas não votam, recusam fazer parte do sistema e criam o seu próprio submundo, alheio ao mundo superficial da superfície (a escolha do pleonasmo foi intencional). Um anarquista vive em constante desobediência civil, perante um sistema e leis com os quais não se identifica. Sim, de facto. No entanto, devo abrir aqui um parêntesis para elucidar que não é verdade que um anarquista vive numa ausência de leis (já o disse em qualquer outro post neste blog), o que acontece é que os anarquistas criam as suas próprias leis, baseadas numa escala de valores rigorosa, pautada, em princípio, pela liberdade e justiça.
Para alguém como eu, que não obstante ter sido educada num ambiente católico e extremamente conservador (ou talvez mesmo por isso, como eu digo sempre), aquilo de viver num submundo ou num mundo ou sistema paralelos sempre me pareceu pouco extremo. Sempre achei que viver num universo paralelo à margem da lei era coisa pouca. Parecia-me uma desistência. Faz-me agora lembrar a sociedade norte-americana dos anos 20-30, no tempo da Lei Seca, com a máfia urbana, com personagens do tipo do Al Capone, que eu via e lia nos livros aos quadradinhos, quando era criança. Uma sociedade onde toda a gente faz contrabando, inclusivamente a polícia, uma sociedade onde toda a gente bebe, mas que insiste em medidas legais que não servem a mudança da sociedade. As leis são simplesmente um pro forma. É neste submundo que um anarquista quer viver?
Hoje, nem de propósito, chego, através de um post no Facebook de Miguel Caetano, ao "Guerrilla Open Access Manifesto", escrito por Aaron Swartz e publicado no site P2P Foundation por Michel Bauwens. Cito aqui uma frase que vai ao encontro do que pretendo dizer:

"

There is no justice in following unjust laws. It’s time to come into the light and, in the grand tradition of civil disobedience, declare our opposition to this private theft of public culture."


O que eu quero sublinhar nesta frase é o "come into the light" que Aaron usa. Não adianta criarmos subculturas, submundos ou mundos paralelos se o que nós queremos é mudar o sistema ou a sociedade. Criar mundos paralelos é contribuir para o sistema. É criar redes de contrabando do tipo Al Capone onde, tal como na Lei Seca, apenas uma pequena minoria de privilegiados tem acesso ao bem que deveria ser comum. O que queremos não é criar mundos paralelos ou submundos de geeks que partilham e transferem ficheiros ou bases de dados entre si, sem que o restante da população tenha acesso a eles. O que queremos, creio, é revolucionar todo o sistema e permitir que o acesso livre seja universal.
Talvez me digam que para criar este acesso livre universal seja necessário primeiro criar os submundos ou mundos paralelos: presisamos de tornar a partilha algo demasiado curriqueiro para que o copyright deixe de ser ilegal. Talvez. Mas não esqueçamos o fim, ao percorrermos os meios.
Quero deixar aqui umas palavras finais, em jeito de conclusão, relativas ao tema deste post: se uma coisa não é suficientemente importante para merecer ser defendida fora do anonimato, de cara destapada, talvez essa coisa não valha a pena ser defendida.
Haverá pessoas que discordam do meu ponto de vista. Não faz mal. Para elas vou citar Alexandre Marinho, bloguer brasileiro, que escreve aqui também sobre este mesmo tema:

"se você for realmente bom de briga [...], e quiser continuar a discussão, diga o dia, a hora, o bar e a marca da cerveja que quer tomar. Topo qualquer parada! Se no final da discussão não chegarmos a um acordo, dependendo do teor alcoolico, pelo menos sairemos convictos [...] de que com nossa discussão resolvemos boa parte dos problemas da humanidade."

Troco a cerveja por um bom vinho.

Blogosfera

A imagem e o anonimato - Parte I

00:42


Há vários meses que me tenho debatido com a questão da imagem e da identidade na Internet. Desde que criei e comecei a escrever neste blog, e mais tarde com a presença nas redes sociais e com a criação da minha página pessoal, por várias vezes recebi, de diversas pessoas amigas e familiares, comentários sobre a minha exposição pessoal na Internet e nas redes sociais.
Estes dias, a propósito da recente polémica acerca da política do uso de "nomes reais" da Google+ (que, de resto, não é exclusiva da Google), lia vários artigos sobre o assunto. Destaco o artigo "Sobre anonimato y redes sociales" de Enrique Dans, que escreve a propósito de um outro artigo de Mike Masnick intitulado What’s in a name: the importance of pseudonymity & the dangers of requiring ‘real names", publicado no Techdirt. Remeto para estes dois artigos as opiniões mais técnicas sobre o assunto. E sobre questões técnicas relativas a este assunto podem ainda consultar o artigo "A case for Pseudonyms" da Electronic Frontier Foundation, ou o artigo "Seudónios y anonimato en Internet", publicado no blog Denken Über, de Mariano Amartino.
Neste post exponho apenas a minha própria experiência em rede, deixo as questões técnicas para os especialistas.
Da mesma maneira que Enrique Dans, eu também não utilizo nem nunca utilizei pseudónimos ou o anonimato para fazer comentários ou escrever opiniões sobre qualquer assunto na Internet. Se o fiz, foi sem intenção de o fazer. Não direi que nunca o farei, mas, por princípio, não o faço; nunca achei que devesse fazê-lo. Sublinho, no entanto, que entendo quem o faça e os motivos por que o fazem. Tanto o Enrique Dans como o Mike Masnick, e todos os outros autores dos artigos que mencionei acima, apresentam razões mais que suficientes para a existência e defesa do anonimato na Internet.
Uma das razões pelas quais não uso o anonimato é porque não acredito nele por princípio. À medida que me vou conhecendo e traçando o perfil da minha identidade, menos disposta estou a usá-lo. Podem ripostar e dizer que sou privilegiada. Afinal, tenho uma actividade profissional suficientemente informal que me tem permitido total liberdade na defesa das minhas opiniões, sejam elas políticas ou de qualquer outra natureza. Vivo num país relativamente tolerante e numa sociedade que valoriza a liberdade de expressão. Pode ser, sou privilegiada.
Pode parecer também um pouco naive da minha parte, mas eu acredito que as pessoas com quem vale a pena conviver e trabalhar são suficientemente informadas, inteligentes e de mente aberta para entender opiniões e pontos de vista diferentes dos seus e de os tolerar e aceitar. Quando deixarem de me aceitar exactamente como sou, vou embora. Mais uma vez, sou uma privilegiada por poder escolher.
No mais, eu creio que subestimamos o sistema. Pergunto-me se existirá verdadeiro anonimato na rede. A partir do momento em que entramos na Internet, existem milhares de aplicações e dispositivos de vigilância que nos informam sobre o tempo e o lugar em que nos encontramos ligados. Nada do que fazemos em rede (e será apenas em rede?) está seguro ou é anónimo; esse é o perigo, mas também o maior desafio. Não creio que exista verdadeiro anonimato na sociedade em que vivemos, muito menos na Internet.
E a propósito deste assunto, cito novamente as palavras de Samy Kamkar sobre privacidade e segurança na rede:

- Detesto dizer isto, mas não há sítio na rede em que possa confiar-se absolutamente. Todos os meses mais algum é atacado ou regista fugas de informação. Claro que nas redes sociais expomos mais dados, e quem não quer correr esse risco, não as use. Por mim, prefiro correr o risco, em vez de ficar fora delas.

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