América latina

Ainda acerca de "Tropa de Elite"

20:43

Diz Daniel Oliveira no Arrastão sobre o filme "Tropa de Elite":

"[...] O filme não é apenas um retrato do estado de guerra em que se vive no Rio. É um manifesto em defesa da lei sem lei como única forma de combater a criminalidade. Um manifesto contra as explicações sociais para a delinquência. Um manifesto que não se limita a justificar, antes defende de forma explícita, as execuções sumárias e a tortura. Que trata os brasileiros das favelas como gente que vive em terreno inimigo e por isso é inimiga. Gente com quem não há pontes possíveis.
Seria de esperar o choque e a indignação. No Brasil, a aceitação foi quase geral. Muito mais entusiasmo do que com ‘Cidade de Deus’, que vê as favelas pelos olhos dos favelados. Além da adrenalina, ‘Tropa de Elite’, [...] dá uma resposta rápida ao medo, quando não há resposta nenhuma. E a resposta é a bala. É assim quando deixamos que a injustiça crie uma multidão de miseráveis à nossa volta. Podemos fechar-nos nas nossas fortalezas para nos escondermos do caos. Mas os que têm de viver todos os dias paredes-meias com o crime acabarão por aceitar que, “na brincadeira sinistra de polícia e ladrão, não se saiba ao certo quem é herói ou vilão, não se saiba ao certo quem vai e quem vem na contramão”, como diz o polícia narrador num dos seus poucos assomos de hesitação moral. Porque no momento certo, perante o medo sem remédio, todos temos um fascista na nossa cabeça. Todos cedemos à resposta do desespero. Todos queremos ver sangue."

"Tropa de Elite" não pretendeu ser "um manifesto em defesa da lei sem lei como única forma de combater a criminalidade". Eu vi-o como uma provocação que saiu frustrada. "Tropa de Elite" deveria ter servido para despertar consciências, para espicaçar a revolta, para debater. Em vez disso vimos fardas de Carnaval com o distintivo do BOPE. Criou-se um cinismo generalizado: "a aceitação foi quase geral". Sim, de facto. Mas "Tropa de Elite" não dá resposta nenhuma, fizeram dele um bastião fascista quando apenas tinha a pretensão de iniciar o debate público. A todos é permitido interpretar da maneira que entenderem. Mas numa questão
fundamental Daniel Oliveira tem razão: ainda não há resposta nenhuma.

O simples facto de Daniel Oliveira trazer a público as questões fundamentais que o filme deveria ter gerado, há quase um ano, aquando da sua estreia no Brasil, é por si só um ponto positivo do filme. Isto fez-me lembrar a recente defesa da edição comentada do Mein Kampf na Alemanha, onde ele continua a ser proibido. Ainda que o filme seja visto como uma fácil resposta fascista ao problema da criminalidade no Brasil, ele permite ainda - ainda - manter (ou reiniciar) o debate.
Mas - ainda - continuam a faltar respostas.

Blogosfera

Dos géneros discursivos: os blogues

00:01


"[...] Desprovistos de los límites comerciales y estilísticos de la prensa escrita, los blogs ofrecen una libertad hasta hace poco inimaginable para el escritor. Para empezar, el blog permite establecer una relación directa entre escritor y lector, de tal modo que éste tiene la posibilidad de refutar los argumentos esgrimidos por el autor e, incluso, puede permitirse el lujo de burlarse de él y animarle a que abandone para siempre sus ingenuas fantasías literarias (de hecho, eso es lo que ocurre la mayoría de las veces). Esta relación directa entre autor y lector establece una novedad no del todo valorada por muchos bloggers. Para mi gusto, el post debería buscar una vía intermedia entre la buena literatura y la comunicación oral, de suerte que cada entrada, lejos de limitarse a transmitir información, se convirtiera en un mero pretexto para estimular un debate acerca del tema propuesto en el título del artículo [...].
En todo caso, los blogs han provocado la aparición de una figura híbrida entre la literatura y el debate oral, o, dicho de otro modo, han dado lugar a una especie de “escritura coloquial”. De pronto la palabra escrita cobra vida, se vuelve ágil, se deja oír. Es una comunicación en la que no hay voz, ni contacto físico, ni tan siquiera presencia, pero que sí está condicionada por el medio visual: utilizamos una tipografía, un tamaño de letra, un avatar, un apodo e incluso muchas personas [...]. En definitiva, se trata de una fórmula de comunicación con unas características propias, híbridas, no del todo definidas, pero que hay que tener en cuenta si no queremos convertirnos en unos nostálgicos a quienes la tecnología barrió de la faz de la escritura.
Frente al rígido formato de la prensa escrita, los bloggers también podemos elegir —con límites, eso sí— el formato de nuestros escritos; podemos publicar lo que más nos apetezca y con la frecuencia que nos convenga, improvisando, experimentando, insultando, cambiando constantemente de registro, añadiendo vídeos o fotografías, e incluso tenemos la posibilidad de retorcer la gramática o formar juegos de palabras sin miedo a la posible intervención —siempre castradora— del corrector de pruebas. Y así transcurre el juego: escribimos, publicamos, nos releemos, descubrimos nuestros límites y entonces sufrimos nuevos altibajos emocionales, a veces a medio camino entre la frustración y la resignación, pero sin desistir jamás, siempre en busca de nuevos lectores, de nuevos comentaristas, de nuevos personajes virtuales, de nuevos solipsistas afines. [...]" (sublinhado meu)
Fonte: www.lacoctelera.com Via: hernanmontecinos.com

E. U. A.

Videoconferência "Poder, Política e Propaganda", por Noam Chomsky

12:10



Hoje a partir das 18:45, no Estúdio de Videoconferência da Reitoria/IRICUP, a U.Porto vai apresentar uma videoconferência com Noam Chomsky, professor no MIT, intitulada "Poder, Política e Propaganda". O programa é apresentado a seguir e pode ser consultado ainda na página da U.Porto:

18:45-18:50 - Apresentação
18:50-19:00 - Apresentação das Universidades e Noam Chomsky
19:00-19:25 - Apresentação de Noam Chomsky
19:00-19:25 - Breves questões
19:25-20:00 - Questões de convidados e da audiência
20:00-20:00 - Pós-Discussão

Lexicografia

O dicionário de Espanhol-Português visto pela Ler

15:53

Acabo de ler o artigo de Fernando Venâncio na revista Ler sobre o recém-publicado Dicionário de Espanhol-Português da Porto Editora coordenado por Álvaro Iriarte Sanromán. Há palavras que merecem ser repetidas:
"A qualidade deste dicionário, o grau de exigência que cada pormenor denuncia, fazem dele, de um salto, o melhor dicionário de idioma estrangeiro do nosso mercado. Se há livros que são monumentos, este é um deles."
Parabéns mais uma vez!

____________
Fernando VENÂNCIO (2008). "Portunhol com os dias contados" in Ler, Nº 69, Maio 2008, pp. 66-67

Política

"Por prescrición médica"

20:28

"Considerando que según un estudio de la Escuela de Salud Pública y del Departamento de Psicología de la Universidad de Michigan, “ocultar la indignación puede provocar la muerte prematura. Considerando que como ya me confirmara el médico que me diagnosticó una úlcera en el duodeno, reprimir la propia indignación enferma y mata. Considerando que no pretendo contribuir a la aparición de nuevas úlceras en mi duodeno y que todavía estimo mi vida, declaro que:

Me cago en todos los malditos monarcas y en sus reales séquitos de parásitos sinvergüenzas que gobiernan los destinos del mundo.

Me cago en todos los políticos hijos de la gran puta que han hecho del servicio social de su ejercicio el más inmoral y repugnante negocio.

Me cago en todos los putos oráculos que se dicen portavoces de las tantas deidades que rigen y acanallan las conciencias de los seres humanos.

Me cago en todos los hijoputas empresarios que han transformado el trabajo en una maldición y a sus empleados en parias o en difuntos.

Me cago en todos los supremos magistrados que han hecho de la justicia una puta farsa y de la equidad la más vil de las aberraciones.

Me cago en todos los periodistas y comunicadores que han convertido su profesión en un fétido comercio, exaltando la mentira y difamando la verdad.

Me cago en todos los putos banqueros delincuentes que han hecho de la usura un mandamiento y del robo una virtud.

Me cago en todos los desalmados que torturan, que especulan, que trafican, en sus humanitarias guerras, en sus beneméritas matanzas, en sus bombas preventivas, en sus cárceles de exterminio…

Me cago en todos los que se den por aludidos.

Vuelvo mañana… He ido a tirar de la cadena."

Koldo Campos Sagaseta

Fonte: Insurgente.org Via: hernanmontecinos.com

Filosofia

Benveniste, definição e terminologia

18:23

"é bastante viável a contribuição das teorias enunciativas para os estudos mais recentes de Terminologia dedicados à definição, principalmente se forem conjugadas com uma apreciação crítica do que a Psicologia Cognitiva e a Filosofia da Linguagem já nos revelaram sobre a relação entre significados e conceitos. Especialmente promissores, na nossa opinião, são os fundamentos das teorias de semântica de enunciação, na teoria delineada na obra de Émile Benveniste (1989 e 1991). Ainda que relativamente “antigos”, terão muito a render para a Terminologia.
Dizemos isso porque esse autor propôs um redimensionamento da noção de língua e linguagem a partir da crítica da exclusão saussuriana de um sujeito que interfere sobre língua, um sujeito que propriamente faz a linguagem. E, como é fácil reconhecer e deduzir de muitas das atuais dificuldades das descrições terminológicas, pouco se tem tratado do sujeito em Terminologia, de modo que a linguagem científica ou técnica tende a ser apresentada como algo associado à imagem de um saber sem autoria definida, como se fosse algo feito por si próprio, sem que nenhum sujeito a tivesse produzido ou nela se auto-representasse. Esse tipo de compreensão revela a persistência de um ideal absoluto de “neutralidade científica” vinculado principalmente aos textos científicos, à sua impessoalidade, nos seus mais diferentes tipos ou gêneros.
A contribuição enunciativa é adequada à Terminologia também e justamente pelo questionamento de Benveniste acerca da noção de arbitrariedade do signo lingüístico, uma vez que o emprego e a constituição metafórica de alguns termos científicos constituem uma realidade que não pode ser mais negada (sobre o recurso da metaforiza ção na DT e em textos científicos, veja KOSTINA, 2000). Ao afirmar que “é necessário ultrapassar a noção saussuriana do signo como princípio único”, Benveniste (1989, p. 67) aponta que a ultrapassagem se fará por meio da abertura de uma nova dimensão de significância, a do discurso, e também pela via da análise intra- e translingüística dos textos.
Há toda uma afinidade entre teorias de enunciação e Terminologia, uma convergência a ser explorada, expandida e aproveitada: questões e impasses da investigação atual sobre as linguagens especializadas e principalmente sobre a definição de diferentes termos científicos e técnicos só têm a lucrar com uma aproximação com as idéias de Benveniste, com seu modo de analisar e de refletir sobre a linguagem. A sua idéia de apropriação da língua por uma classe ou segmento social é apenas um exemplo do seu potencial de contribuição."
Maria José Bocorny FINATTO. (2002). "O papel da definição de termos técnico-científicos" in Revista da ABRALIN, vol. 1, no 1, Julho. Pp. 73-97 disponível em http://www.abralin.org/revista/RV1N1/artigo3/RV1N1_art3.pdf a 26/04/2008.

Anarquia

Dos tabus: a abolição da hierarquia

17:17


“Mientras exista una clase inferior, perteneceré a ella.
Mientras haya un elemento criminal, estaré hecho de él.

Mientras permanezca un alma en prisión, no seré libre.”
"A lo largo del siglo XX, ha circulado en el espacio público la cuestión de la “dignidad” económica y ha podido “tematizarse” la opresión de “género”: ya han adquirido alguna suerte de carta de ciudadanía en tanto problemas teóricos, políticos, gremiales, académicos o periodísticos. Pero la jerarquía continúa siendo un tabú.
La camaradería humana exenta de jerarquía podrá parecer un argumento de novela bucólica o de ciencia-ficción, pero es en verdad un tabú político. Ese tabú es combatido, sin embargo, no sólo en ciertos momentos históricos emblemáticos sino también por medio de prácticas cotidianas que suelen pasar desapercibidas a los filósofos políticos únicamente obsesionados con las condiciones de gubernamentalidad de un territorio, por la legitimidad de la forma-estado o de las instituciones representativas, o por la fiscalización de sus actos. La posibilidad de abolir el poder jerárquico es lo impensable, lo inimaginable de la política; imposibilidad garantizada por las tecnologías de la subjetividad que regulan los actos humanos, que fomentan el deseo de sumisión, y que muy tempranamente se enraízan en el aparato psíquico. Para Hobbes o Maquiavelo no puede existe unidad entre el pueblo y su gobierno si no hay sumisión –voluntaria o involuntaria, legítima o ilegítima–, y no hay sumisión sin terror, en alguna dosis. Fundar una política sobre la camaradería comunitaria y no sobre el miedo fue la respuesta anarquista, y para ello era preciso anular o debilitar las instituciones autorreproductoras de la jerarquía a fin de permitir que la metamorfosis social no sea orientada por el Estado. Esta pretensión no podía sino ser considerada como una anomalía riesgosa por los bienpensantes y como un peligro por la policía. [...]
En la “educación de la voluntad”, que tanto preocupaba a los teóricos anarquistas, residía la posibilidad de acabar con el antiguo régimen espiritual y psicológico del dominio. En esto reside la grandeza del pensamiento libertario, incluyendo a la variante anarcoindividualista, que es menos una voluntad antiorganizativa que una demanda existencial, una pulsión anticonformista. La confianza antropológica en la promesa humana, típica del siglo XVIII, fue el centro de gravedad a partir del cual el anarquismo desplegó una filosofía política vital que intuía en la libertad, no una abstracción o un sueño sino un sedimento activo en las relaciones sociales existentes. Bakunin o Kropotkin creían que el origen de los males sociales no se encontraba en la maldad humana sino en la ignorancia. Indudablemente, en esto, los anarquistas son herederos de la ilustración y justamente por eso creían en la educación racionalista, incluso cientificista, aunque ello no los transformó en meros positivistas. [...]
[...] el pensamiento anarquista es muy complejo y no es sencillo articularlo en un decálogo, pues nunca dispuso de un dogma sellado en un libro sagrado, y eso concedió libertad teórica y táctica a sus adherentes. Tampoco el anarquismo se preocupó de construir una teoría sistemática sobre la sociedad. Quizá la propia diversidad de las ideas y prácticas anarquistas favoreció su supervivencia: cuando alguna de sus variantes decaía o se demostraba ineficaz, otra la sustituía.

[...] los anarquistas saben que su ideal constituye una ardua aspiración porque sus exigencias los colocan en un “afuera” de los discursos políticos socialmente aceptados, tanto como sus prácticas son incompatibles con el dominio en cualquiera de sus formas. Pero si las ideas anarquistas aún pertenecen al dominio de la actualidad es porque sostienen y transmiten saberes impensables, o al menos inaceptables, por otras tradiciones teóricas que se pretenden emancipatorias. En el resguardo de ese saber antípoda reside su dignidad y su futuro."

Christian FERRER. "Sobre los libertarios", introdução ao livro El lenguaje libertario.

Fonte: hernanmontecinos.com

Ideologia

Entrada de dicionário = "idiologema"

02:24

No artigo "Lengua, sociedad y diccionario: la ideología" de Esther Forgas Berdet pode ler-se o seguinte:
"Cada palabra - cada entrada de un diccionario - es, en realidad, un "ideologema", puesto que es través de la definición lexicográfica que esa palabra se translada a términos de sentido, o, lo que es lo mismo, a términos de ideología. [...]" (p. 73)
"De la misma manera que el ejercicio sintagmático (emanado de la propia ideología), conferidor y organizador de sentido, traduce un discurso propio, la determinación ideológica de cada uno de los términos que configuran este discurso traduce la elaboración (explícita o implícita) de un diccionario propio: una cosmovisión, un compendio lexicográfico que abarca todo un universo de sentido, un plano-guía ideológico del pensamiento estructurado." (pp. 73-74)
E, desfazendo o discurso da neutralidade, afirmando a componente ideológica do dicionário, Esther Forgas Berdet entende que o lexicógrafo tem apenas duas opções:
i) Puede tratar de suavizar y limar la aportación ideológica, revisando críticamente todos sus puntos de vista y tratando de que, al menos, aparenten neutralidad o imparcialidad. [...]

ii) O bien puede asumir totalmente su parcialidad y elaborar diccionarios/glosarios, dando cuenta de su opinión acerca de los referentes definidos. (pp. 77-78)
Fui, por curiosidade, consultar o recentemente publicado Dicionário de Espanhol-Português da Porto Editora (com a coordenação de Álvaro Iriarte Sanromán), e encontrei algumas curiosidades:
actualización: […] 1 Actualização […] Os operários exigem a actualização dos salários.
combate: […] 1 Combate […] No combate, dois soldados morreram e cinco ficaram feridos. [...] 3 Combate (oposição, tentativa de eliminar ou acabar com alguma coisa) [...] O combate contra a fome nos países do terceiro mundo deveria ser uma das principais preocupações da comunidade internacional.
derechos: […] 1 Direitos […] O facto de uma pessoa não ter dinheiro, não significa que não tenha direitos.
derrumbar: […] 2 fig. Derrubar, derribar (fazer cair) […] Alguns intelectuais contribuíram para derrubar o regime.
islamismo: […] 2 Islamismo, Islão […] A sociedade ocidental alimenta preconceitos contra o islamismo.
israelí: [...] Os governantes israelitas e palestinianos assinaram finalmente um acordo de paz.
imperialismo: […] 1 Imperialismo (teoria política e económica que defende o domínio de um país sobre os outros); […] Em África ainda subsistem as marcas do imperialismo europeu.
izquierdista: [...] Esquerdista [...] As ideologias esquerdistas contribuíram para derrubar a ditadura fascista.
ley: […] 5 Lei (conjunto das leis ou corpo do direito civil) […] A lei deveria ser igual para todos.
libertad: […] 1 Liberdade (capacidade natural de decidir) […] A liberdade de expressão é um direito inquestionável.
norte: […] 1 Norte […] Portugal está limitado ao norte pela Galiza.
nacionalidad: […] 3 Naturalidade (país de nascimento) […] Os meus avós eram de naturalidade espanhola.
nacionalista: […] Nacionalista […] Os nacionalistas galegos obtiveram dois mandatos no Parlamento de Madrid.
pueblo: […] 6. Povo (habitantes de um país) […] O povo manifestou-se reclamando a descida dos impostos, [...] 7. Povo (país) […] É um intelectual comprometido com a independência do seu povo.
racial: […] Racial; […] O governo aprovou uma lei contra todos os tipos de discriminação racial.
sexual: [...] 4 Sexual (referente ao sexo ou ao género) [...] Lutar contra a discriminação sexual.


Referências:
Esther Forgas Berdet ( 1996). "Lengua, sociedad y diccionario: la ideología" in Esther Forgas Berdet (coord.). Léxico y diccionarios, Tarragona: Dep. de Filologías Románicas, Universidad Rovira i Virgili, pp. 71-97;
Álvaro Iriarte Sanromán (coord.), A. Leal de Barros, A. Bárbolo Alves, I. das D. Guedes Vilar Mota, S. Real Peña e A. Iriarte Sanromán (2008). Dicionário de Espanhol­­­-Portu­­guês. Porto: Porto Editora.

Dicionários

"Vocabulario Portuguez e Latino" na Internet

00:48


O conjunto dos oito volumes e dois suplementos do "Vocabulario Portuguez e Latino", dicionário emblemático do padre Raphael Bluteau publicado entre 1712 e 1728, foi digitalizado pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) e encontra-se disponível no sítio http://www.ieb.usp.br/online/index.asp.
As cerca de 44 mil entradas estão disponíveis na forma antiga e na actual para facilitar a consulta.

Fonte: globo.com Via: Embaixada de Portugal no Brasil e Assim Mesmo

Lexicografia

Da lexicografia

11:13


lexicography is a craft, a way of doing something useful. It is not a theoretical exercise to increase the sum of human knowledge but practical work to put together a book that people can understand. [...] Every lexicographer, like any good author, has his readers very much in mind. Whereas philosophers are concerned with internal coherence of tehir system of definition, lexicographers are concerned with explaining something their readers can undersatand." (Landau, 1989: 121)
“La lexicografía ha sido considerada siempre como “el arte de componer léxicos e diccionarios”. […] Por ese carácter de utilidad [...], la lexicografía se ha mantenido siempre alejada de la ciencia del lenguaje; el lexicógrafo, preocupado por la colección minuciosa y, pese a todo, dilatada de palabras […] suele desconfiar de los comportamientos “científicos” de los lingüistas, para quienes los claustros universitarios hacen de su trabajo lingüístico una ocupación algo más muelle y algo menos sometida a otros intereses.”
“Para el lingüista inmerso en su época, la lexicografía todavía no llega a ser siquiera interdisciplina; es “arte” para él como para el lexicógrafo. Sólo que si para el uno es un mote caso peyorativo, para el otro es una defensiva soberbia.” (Lara, 1979: 1-2)
"lexicography is a group of specialized skills, a body of received practical wisdom. Some of its features are obviously useful and sensible, some show a typical professional or in-group defensiveness, and some appear to be merely handed down from one cluttered desk to another. There is no overt rationale, and controversies rage in the gulf between principles and practice, with no sign of resolution. This frustrating state of affairs is nowadays largely accepted as inherent in the nature of the craft.” (Sinclair, 1984)
“Pese a muchos resultados positivos, la lexicografía, tal como se nos presenta hasta nuestros días, no satisface plenamente, debido a que sólo puede cumplir eficazmente su misión – la elaboración de diccionarios – en estrecho contacto con la lingüística, y este contacto, en gran parte, ha dejado bastante que desejar. De hecho, la lexicografía, por un lado, ha de tener en cuenta los resultados de la ciencia lingüística. Por otro lado, la ciencia del lenguaje y, en particular, la lexicología, tendrían que dedicarse mucho más que en el pasado a los problemas lexicográficos [...]" (Haensch, 1982:17-18) 
"Dictionaries may be looked upon as highly structured collections of knowledge. Lexicography, then, is a form of knowledge gathering or knowledge acquisition." (Schubert, 1992: 81)

Referências:

LANDAU, Sidney I. (1989). Dictionaries. The art and craft of lexicography. Cambridge: Cambridge University Press.
SCHUBERT, Klaus (1992). "Lexicography, or corpus-based knowledge acquisition" in International Symposium on Lexicography, 5, Copenhagen, 1990 - Symposium on lexicography V : proceedings. Tübingen : Max Niemeyer Verlag.
HAENSCH, G., L. Wolf, S. Ettinger e R. Werner (1982) La lexicografía. De la lingüística teórica a la lexicografía práctica, Madrid: Gredos.
SINCLAIR, John M. (1984). “Lexicography as na academic subject” in Hartmann, R. R. K. (1984). International Conference on Lexicography, Exeter, 1983 - LEXeter'83: proceedings. Tübingen: Max Niemeyer Verlag.
LARA, Luis Fernando, Roberto Ham Chande e Maria Isabel Garcia Hidalgo (1979). Investigaciones Lingüísticas en Lexicografía. México: El Colégio de México.

Direitos

Direitos de autor, Internet e Parlamento Europeu

11:14

"O Parlamento Europeu discutiu na sua última sessão plenária a situação das indústrias culturais na Europa. O tema mais quente do debate foi a atitude a tomar face ao download e partilha de ficheiros com conteúdos culturais (sobretudo ficheiros áudio e vídeo) sem o respectivo pagamento dos direitos de autor.

O relator, um socialista francês, "chama a atenção para o facto de a criminalização dos consumidores que não procuram obter lucros não ser a solução correcta para combater a pirataria digital". Pretendia, pelo contrário, encontrar um equilíbrio entre a possibilidade de um amplo acesso aos conteúdos culturais, a manutenção da diversidade cultural e a justa remuneração dos autores.

Mas a indústria de conteúdos e de software, com destaque para a Federação Internacional das Indústrias Fonográficas, desenvolveu uma intensa campanha pressionando os eurodeputados a adoptarem uma posição drástica face aos utilizadores de internet que violassem os direitos de autor, partilhando músicas, filmes, jogos e software. [...]

Estas fortes pressões tiveram o condão de gerar uma reacção em sentido contrário. Foi mesmo apresentada à última hora uma emenda ao relatório com o seguinte texto: "[O PE] Exorta a Comissão e os Estados­Membros a reconhecerem que a Internet é uma vasta plataforma de expressão cultural, de acesso ao conhecimento e de participação democrática na criatividade europeia, que estabelece pontes entre as gerações na sociedade da informação e, consequentemente, a evitarem a adopção de medidas que vão de encontro aos direitos humanos e cívicos e que contrariam os princípios da proporcionalidade, da eficácia e do efeito dissuasor, como o corte do acesso à Internet."

A última frase desta emenda, que recusa o corte do acesso à net, foi aprovada por 314 votos contra 297 e 14 abstenções, isto é, passou com uma escassa margem de 17 votos, o que dá uma boa imagem da tensão gerada. [...]

A velha lógica da compra, que parecia totalmente natural quando se ia à livraria ou à loja de discos adquirir um objecto físico, resulta estranha no novo mundo da cultura "desmaterializada". Para as pessoas habituadas a viver no novo ambiente digital, sobretudo para as novas gerações cujos primeiros contactos com os conteúdos culturais já foram feitos nesta fase, a forma natural de vida é a partilha e o livre acesso. E é forçoso reconhecer que esta partilha livre e gratuita de bens culturais parece ser o ambiente mais fecundo para a evolução cultural da humanidade.

Só não se encontrou ainda a forma adequada de garantir o sustento e a independência dos criadores. Hoje, a sensibilidade, que porventura haverá entre os internautas, de que é justo que os autores possam viver do seu trabalho, choca com a sensação de que do valor total de uma eventual compra, só uma pequena parte, na melhor das hipóteses, chegará de facto a ser distribuída ao autor.

Parece, no entanto, existir ainda uma real contradição de fundo entre o direito dos autores a obterem uma justa remuneração pelo seu trabalho e o direito de toda a população ao usufruto pleno, gratuito e sem entraves dos bens culturais. A busca de uma solução inovadora para esta contradição é talvez o maior desafio que está lançado a todos os que se ocupam da cultura numa perspectiva alternativa e emancipadora."

Bruxelas, 11 de Abril de 2008

Renato Soeiro


Fonte: www.esquerda.net

Comunicação Social

Falta de professores portugueses?

19:20

"A secção cultural da embaixada de Portugal em Pequim, da rede do Instituto Camões, encontra-se sem aulas de português por falta de professores, admitiu hoje a instituição à Agência Lusa, quando cada vez mais chineses se interessam pela língua.

«As aulas este ano não abriram porque os professores destacados em Pequim não tinham disponibilidade, dada a carga horária que têm nas universidades», disse João Barroso, o conselheiro cultural da embaixada de Portugal na China, à Agência Lusa em Pequim.

Para o actual ano lectivo, que arrancou em Setembro de 2007, a embaixada recebeu cerca de duas dezenas de pré-inscrições, que pagaram 2.600 renminbi (240 euros), valor que a secção cultural devolveu.
Os professores que o Instituto Camões destaca para dar aulas nas universidades de Pequim são quem assegura as aulas na embaixada, mas fazem-no de forma gratuita, disse João Barroso.

«Nos termos do contrato de trabalho que têm com o Instituto Camões, se tiverem disponibilidade, os professores também dão aulas na secção cultural, mas não há qualquer remuneração», afirmou o responsável.

Segundo João Barroso, também ainda não há certeza quanto às aulas para o ano lectivo a começar em Setembro deste ano. [...]

Com o intensificar das relações económicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa, há cada vez mais alunos chineses a procurar aulas de português.
Angola é o maior parceiro comercial da China em África e o Brasil o maior parceiro comercial chinês na América do Sul.As aulas de português na secção cultural da embaixada do Brasil em Pequim, que são grátis, encontram-se esgotadas.

«Temos nesta altura cerca de vinte alunos e não podemos aceitar mais inscrições», disse à Agência Lusa uma funcionária da embaixada brasileira."

(07/03/2008)

Fonte: diariodigital.sapo.pt

Enciclopédia de Violência Massiva

15:00

Os estudantes, os curiosos ou quem procure simplesmente conhecer mais o mundo em que vive, ONG`s, especialistas em direito internacional, politólogos ou jornalistas têm à disposição uma nova ferramenta, a Enciclopédia de Violência Massiva. 
Baseia-se num compêndio de artigos elaborados por investigadores, académicos e doutorados na matéria. A iniciativa documenta e classifica, em inglês, o conhecimento histórico sobre os crimes, organizados por continentes, países e épocas, ao mesmo tempo que oferece descrições e análises. Contém índices cronológicos, estudos de casos concretos, contribuições analíticas sobre violência sócio-política, um glossário dos termos mais usados em estudos de genocídio, assim como análises teóricas escritas pelos autores mais representativos neste âmbito.

Lexicografia

Dicionários criados pelo usuário

11:44

Num artigo intitulado "The Forefront of Lexicography: User-Generated Dictionaries" o sítio TKBR-think.u.bator expõe o conceito de "dicionário criado pelo usuário" para explicar o seu fundamento e o que já está a ser feito.

"Not only do they [the user-generated dictionaries] provide users a venue to create and define new words, but also to voice their opinions on social trends. Mimicking the kind of interaction that occurs on online chatboards and forums, users are also able to respond to one another's entries and are able to exert a form of quality control through a rating system. Taking advantage of the dynamic nature of the Internet, the Urban Dictionary has added to lexicography an element of dynamism: definitions are pluralistic and open to reinterpretation by every user. Moving away from the traditional role of reference works as sources of static information and into a participatory activity, it might be said that user-generated dictionaries are reinventing the very nature of dictionaries themselves."
E, basicamente, quem não participa, perde a voz.

Ligações:

- http://www.urbandictionary.com/;
- http://www.peevish.co.uk/slang/;
- http://www.doubletongued.org/;
- http://www.pseudodictionary.com/;
- http://en.wiktionary.org/wiki/Main_Page.

Cooperação

Dicionários contra a pobreza

20:24

Quando em Março passado lia o artigo de Pere Estupinyà no blog Apuntes Científicos desde el MIT intitulado "Ciencia contra la pobreza" não consegui deixar de perguntar-me se áreas de estudo como as Ciências da Linguagem não poderiam, de alguma forma, contribuir com o seu legado para atenuar a carência das populações mais pobres. Sabia desde há muito que a educação desempenha, a longo prazo, uma função importante nestas questões, mas não ao ponto de propor que os dicionários e as gramáticas pudessem ser a solução para a pobreza. Não o propus eu mas fê-lo John Rennison's, professor no departamento de linguística da Universidade de Viena.
Num curto artigo intitulado "Dicionaries are the answer" Rennison's não só reitera a proposta de que a educação é a única solução para acabar, a longo prazo, com as desigualdades sociais em países onde se verifica extrema pobreza como acrescenta:
"The only thing that the North can give to the South for this long-term solution is dictionaries and grammars. The local people are perfectly well able to organise their own literacy courses and their education in general. In fact, organising their education for them would constitute undue interference. The only expertise that is completely unavailable at a local level is the linguistic expertise needed to analyse a language. Of course, such analysis and preparation of dictionaries must, by its very nature, be carried out in close co-operation with local people."
E aqui Rennison's é muito claro: os dicionários e as gramáticas a desenvolver deverão ser construídos "em cooperação com a população local". Rennison's não está a pensar numa imposição de línguas estrangeiras, mas um trabalho local de estudo das línguas locais faladas por estas populações. Como refere o linguista no final do seu artigo,
"The UN Universal Declaration of Human Rights actually omits the most basic of human rights: every human being should have the right to read (or at least hear) the Universal Declaration of Human Rights in his/her own language. Language diversity, especially in the developing countries, is a fact that can’t be denied and won’t go away if we ignore it. The only solution is to analyse the languages and produce affordable dictionaries."
Rennison's trabalha há vinte anos num dicionário bilingue de koromfe-inglês, que se encontra acessível em http://www.univie.ac.at/linguistics/personal/john/kd/Index.html. Mais informações sobre o koromfe podem ser encontradas em http://www.univie.ac.at/linguistics/personal/john/burkina_faso.htm.

Folcsonomias

As folcsonomias e a lexicografia

21:16

Ouvia há dias, na conferência intitulada "Variantes lingüísticas en los diccionarios: ¿Sistematización o intuición del lexicógrafo?” dada por Álvaro Iriarte Sanromán, no âmbito das II Jornadas de Estudos Espanhóis e Hispano-Americanos, na Universidade do Minho, que uma das opções possíveis para a etiquetagem das entradas ou acepções nos dicionários poderia passar pelo uso das etiquetas (tags) que se vão tornando comuns, por exemplo, nas redes sociais. Estas folcsonomias, como foram designadas, poderiam, segundo Iriarte Sanromán, ser uma alternativa aos comuns sistemas de etiquetagem dos dicionários, que dificilmente reunem consenso, mesmo na lexicografia teórica.
Curiosa a transposição de âmbitos aparentemente tão dissemelhantes. E a principal vantagem? O acesso à classificação real que os falantes fazem no uso da língua. Dificilmente de outra forma se poderia reunir, de uma forma tão acessível e prática, num mesmo espaço, o conjunto de etiquetas usadas pelos falantes para áreas tão diversas quantas as imaginadas. Como refere Peter Merholz (2004) "Once you have a preliminary system in place, you can use the most common tags to develop a controlled vocabulary that truly speaks the users’ language.”

No âmbito da lexicografia parece-me uma proposta interessante, de fácil pesquisa, de âmbito muito extenso e, principalmente, assente em vastas e diversificadas comunidade de falantes. Fiquei a pensar como se traduziriam estes sistemas organizativos cooperativos e auto-reguladores fora da rede.

A definiçãoA palavra folcsonomia, também designada por etiquetagem colaborativa, classificação social, indexação social ou etiquetagem social, deriva do inglês folksonomy e foi usado pela primeira vez por Tomas Vander Wal, que a define como "the result of personal free tagging of information and objects (anything with a URL) for one's own retrieval. The tagging is done in a social environment (usually shared and open to others). Folksonomy is created from the act of tagging by the person consuming the information." (Thomas Vander Wal, 2007)

Os pontos fracos e os pontos fortes

São unânimes as críticas às folcsonomias. Mathes (2004) acusa-as de gerar ambiguidade quando, por exemplo, vários usuários usam diferentes etiquetas para um mesmo documento ou conceito. A ausência de controlo e, com isto, a falta de unanimidade na etiquetagem são apontadas como as principais falhas.
A contradição entre o uso público e privado das etiquetas também surge como uma questão a explorar. Esta questão é ultrapassada quando se estudam as comunidades, os grupos que vão construindo um sistema de classificações de base comum. Este sistema de classificação garante alguma homogeneidade.

Frederick van Amstel adopta uma visão muito peculiar no estudo das folcsonomias. van Amstel vê as folcsonomias como o produto de grupos, e em larga medida, de culturas específicas capazes de regular o excesso de controlo imposto pelos organismos que normalmente regulam a sociedade e dos quais fazem parte a censura, as políticas culturais e, curioso, os dicionários! Como força de bloqueio ou mecanismo impulsionador de transformação deste controlo institucional ou, como o autor lhe chama, desta regulação vertical, surgem os movimentos de regulação horizontais, normalmente vistos, pelos organismos que fazem parte da regulação vertical, como marginais. Destes movimentos fazem parte, segundo van Amstel, os grupos ou redes sociais que produzem as folcsonomias. Visão interessante, impregnada de ideologia.

Mais neutral, Mathes resume num parágrafo as principais objecções às folcsonomias, apontando também, não obstante, a sua importância:
"A folksonomy represents simultaneously some of the best and worst in the organization of information. Its uncontrolled nature is fundamentally chaotic, suffers from problems of imprecision and ambiguity that well developed controlled vocabularies and name authorities effectively ameliorate. Conversely, systems employing free-‍form tagging that are encouraging users to organize information in their own ways are supremely responsive to user needs and vocabularies, and involve the users of information actively in the organizational system. Overall, transforming the creation of explicit metadata for resources from an isolated, professional activity into a shared, communicative activity by users is an important development that should be explored and considered for future systems development." (Adam Mathes, 2004)

Imagem: last.fm
Referências:
- Peter Merholz (2004). "Metadata for the Masses" http://www.adaptivepath.com/ideas/essays/archives/000361.php
- Thomas Vander Wal (2007). "Folksonomy"http://www.vanderwal.net/folksonomy.html;
- Adam Mathes (2004). "Folksonomies - Cooperative Classification and Communication Through Shared Metadata" http://www.adammathes.com/academic/computer-mediated-communication/folksonomies.html;
- Frederick van Amstel (?) "Folcsonomia: Vocabulário Descontrolado, Anarquitetura da Informação ou Samba do Crioulo Doido?" http://www.slideshare.net/usabilidoido/folcsonomia-vocabulrio-descontrolado-anarquitetura-da-informao-ou-samba-do-crioulo-doido/

Cultura

Da linguagem

10:30

"Todo o discurso é apenas uma inflexão
da voz
a insinuação de um gesto uma temperatura
à sua extraordinária desordem preside um pensamento
melhor diria «um esforço» não coordenador (de modo algum)
mas de «moldagem» perguntavam «estão a criar moldes?»
não senhores para isso teria de preexistir um «modelo»
uma ideia organizada um cânone
queremos sugerir coisas como «imagem da respiração»
«imagem da digestão»
«imagem da dilatação»
«imagem de movimentação»
«com as palavras?» perguntavam eles e devo dizer que era
uma pergunta perigosa um alarme colocando para sempre
algo como o confessado amor das palavras
no centro
não tentamos criar abóboras com a palavra «abóboras»
não é um sentido propiciatório da linguagem
introduzimos furtivamente planos que ocasionais
ocupações («des-sintonizar» aberto o caminho
para antigas explicações «discursos de discursos de discursos», etc.)
fixemos essa ideia de «planos»
podemos admiti-los como «uma espécie de casas»
ou «uma espécie de campos»
e então evidente para serem habitados percorridos gastos
será que se pretende ainda identificar «linguagem» e «vida»?
uma vez se designou mão para que a mão fosse
uma vez o discurso foi a mão
partia-se sempre de um entusiasmo arbitrário
era esse o «espírito» o «destino» da linguagem
agora estamos a ver as palavras como possibilidades
de respiração digestão dilatação movimentação
experimentamos a pequena possibilidade de uma inflexão quente
«elas estão andando por si próprias!» exclama alguém
estão a falar a andar umas com as outras
a falar umas com as outras
estão lançadas por aí fora a piscar o olho a ter inteligência
para todos os lados
sugerindo obliquamente que se reportam
a um novo universo ao qual é possível assistir
«ver»
como se vê o que comporta uma certa inflexão
de voz
é uma espécie de cinema das palavras
ou uma forma de vida assustadoramente juvenil
se calhar vão destruir-nos sob o título
«os autómatos invadem» mas invadem o quê?"

Herberto HELDER (1996) Poesia Toda. Lisboa:Assírio & Alvim, pp. 321, 322

Cultura

19:58

ORAÇÃO MÁGICA FINLANDESA
PARA ESTANCAR O SANGUE DAS FERIDAS

Pára, sangue, de correr,
de ressaltar aos borbotões,
de me inundar como torrente,
de me brotar sobre o flanco.
Como contra uma parede,
imóvel como uma sebe,
lírio marinho direito
como espadana na espuma,
como pedra no talude
e o recife na corrente.
Sangue, sangue, se o desejo
te faz correr com tanta força,
circula dentro da carne,
abraça-te aos ossos vivos.
Belo, belo que é correr
na obscura pele compacta,
sussurando nas artérias,
murmurando contra os ossos.
Pára, sangue, de correr
sobre a fria terra morta.
Não corras, leite, no chão,
sangue inocente no vale,
beleza humana entre a erva,
oiro de heróis na colina.
Desce fundo ao coração,
bate surdo nos pulmões,
desce, desce fundamente
aos órgãos vivos do corpo.
Não és rio que se escoe,
nem calmo lago parado,
nem fonte que brote assim,
nem barca velha com rombos.

_____________

Herberto HELDER (1996) Poesia Toda. Lisboa: Assírio & Alvim, p. 203

Cinema

As redes sociais especializadas

04:44


O sítio da Internet consumer.es expõe, num artigo 9 de Abril, o conceito de redes sociais especializadas e a forma como se vêm substituindo às redes sociais generalistas, como a Myspace ou Facebook. O artigo apresenta diferentes propostas de redes em diferentes âmbitos: música (Last.fm, Buzznet ou Nvivo), livros (Library Thing, Anobii, Shelfari e Shelfmates), concursos (Bix), televisão (Catodicos.com), cinema (Flixter), viagens (TravBuddy, Wayn, Dopplr, Couchsurfing, The Hospitality Club), emprego e negócios (Xing, LinkedIn, Viadeo, 11870.com, e faz ainda referência a sítios onde se podem criar redes "à medida da necessidade de cada usuário" (Ning, CrowdVine e KickApps).


Imagem: The New York Times em tecnologia.terra.com.bt

Lexicografia

"Lexicography and the Logos?" ou Lexicografia e poder

11:06

«One of the more interesting observations I realized from the Chasing the Sun excerpts was that Green heavily emphasized the idea that lexicographers see themselves as bringers of the true meaning of words, like Moses who brought down from Mount Sinai the Ten Commandments. ” Green cites Ephraim Chamber’s belief that lexicography has its origins in ancient Egypt, where the empire’s priests had presumably wanted to keep forever and securely remembered the complex meanings of their sacred hieroglyphics, and notes that his theory “‘turns the lexicographer’s guardianship of the cultural tradition into a sacred trust and thus sanctions the privileged position of those who control the flow of information to the unitiated.’”

So strong is this metaphor of the dictionary as the gate to the true meaning of words, and lexicographers as the “priests” bringing the masses to these true meanings, that I couldn’t help but think of the logos, the Original Word, the word of Truth itself [...]. Green’s comments on lexicography reminded me much of Derrida’s criticism of Western civilization as being “logocentric.”» (03/04/08)

Referência bibliográfica: Jonathon GREEN (1996). Chasing the Sun: Dictionary-Makers and the Dictionaries They Made. ?: Henry Holt & Co

Ásia

Conseguiremos habituar-nos à sua arrogância?

01:01

Esta é a lista de exigências à China aprovada, há pouco mais de uma semana, pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos sobre a questão do Tibete:
«(1) calls on the Government of the People's Republic of China to end its crackdown on nonviolent Tibetan protestors and its continuing cultural, religious, economic, and linguistic repression inside Tibet;
(2) calls on the Chinese Government to begin a results-based dialogue, without preconditions, directly with His Holiness the Dalai Lama to address the legitimate grievances of the Tibetan people and provide for a long-term solution that respects the human rights and dignity of every Tibetan;
(3) calls on the Chinese Government to allow independent international monitors and journalists, free and unfettered access to the Tibet Autonomous Region and all other Tibetan areas of China for the purpose of monitoring and documenting events surrounding the Tibetan protests and to verify that individuals injured receive adequate medical care;
(4) calls on the Chinese Government to immediately release all Tibetans who are imprisoned for nonviolently expressing opposition to Chinese Government policies in Tibet;
(5) calls on the United States Department of State to publicly issue a statement reconsidering its decision not to include the People's Republic of China among the group of countries described as "the world's most systematic human rights violators" in the introduction of the 2007 Country Reports on Human Rights Practices; and
(6) calls on the United States Department of State to fully implement the Tibetan Policy Act of 2002 (22 U.S.C. 6901 note), including the stipulation that the Secretary of State "seek to establish an office in Lhasa, Tibet to monitor political, economic and cultural developments in Tibet", and also to provide consular protection and citizen services in emergencies, and further urges that the agreement to permit China to open further diplomatic missions in the United States should be contingent upon the establishment of a United States Government office in Lhasa.» (09/04/08)
Fonte: Internacional Campaign for Tibet (sublinhado meu)

Ásia

Autoridade moral para falar de direitos humanos?

01:00


«A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, pediu à comunidade internacional que critique a dominação da China sobre o Tibete.
Depois de encontro com o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, nesta sexta-feira, ela disse: "Se as pessoas amantes da liberdade em todo o mundo não denunciarem (a atuação da) China e os chineses no Tibete, nós teremos perdido toda a autoridade moral para falar sobre direitos humanos".» (21/03/08) ( sublinhado meu)

Fonte: BBCBrasil.com

América latina

Entrevista a Noam Chomsky pelo dosorillas.org

21:06

O programa Señales de humo do sítio da Internet dosorillas.org entrevistou, na semana de 2 de Abril, Noam Chomsky.
Nesta entrevista Chomsky fala de temas tão diversos como os meios de comunicação alternativos, os movimentos da sociedade civil, o papel das Nações Unidas e da Europa nos conflitos mundiais e o "militarismo agressivo" dos Estados Unidos, para acabar com alguns pontos básicos sobre o que entende por Filosofia da Linguagem.
Chomsky sublinha aqui a importância do compromisso social não apenas para a manutenção dos meios de comunicação alternativos mas também, e sobretudo, para a criação efectiva de um outro mundo onde a integração sul-norte seja uma realidade, um mundo onde se vislumbre a verdadeira globalização "no sentido sério" da palavra. Interrogado sobre o papel do Fórum Social Mundial Chomsky compara-o à emblemática Internacional e dá crédito às suas acções.

Sobre o papel das Nações Unidas nos conflitos mundiais Chomsky reitera a sua acção limitada, quase sempre subordinada à vontade dos países ricos que dela fazem parte e oferece como exemplo a guerra no Iraque. Não obstante, mantém a sua crença no papel que desempenham alguns dos países da Europa e na sua oposição firme face ao que chama "militarismo agressivo" dos E. U. A., que desrespeita leis e opiniões internacionais. E principalmente mantém a crença nos movimentos civis mundiais, que lutam ininterruptamente por uma globalização no sentido de uma integração - os mesmos movimentos que são acusados de anti-globalização pelos protagonistas do neocolonialismo.


A entrevista pode ser ouvida e/ou descarregada em(inglês) http://www.dosorillas.org/podcast/audio/podcast-2008-04-02-94961.mp3 ou (espanhol) http://www.dosorillas.org/podcast/audio/podcast-2008-04-02-76873.mp3



«Si supones que no existe esperanza, entonces garantizas que no habrá esperanza. Si supones que existe un instinto hacia la libertad, entonces existen oportunidades de cambiar las cosas » (Noam Chomsky)
Fonte: dosorillas.org Via: Rebelion

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.