Da individualidade
12:50
"Se queres continuar a amar os outros, afasta-te, torna-te solitário. Ou deixas de ser sincero e passas a morar com a mentira. A peleja começou: é preciso arredar, vencer - e cada um nessa idade [30 anos] é o que é. Já não se amolda: é um ferro desembainhado, saído da forja; tem já os seus hábitos, vaidades, mentiras. Tudo o que estava apenas esboçado endureceu; é de pedra.
De forma que se quiseres viver com os outros tens de representar.
Os que têm uma forte individualidade arredam-se, porque nunca podem agradar. O triunfo pertence não aos mais fortes, nem aos mais inteligentes, mas aos que, sem pessoalidade, podem ser todo o mundo...
Ser parecido lisonjeia: daí, tens de afivelar uma máscara igual à do homem que precisas conquistar. [...]"
Raul BRANDÃO (1984). "XII - Filosofia do Gabiru", Os pobres. Lisboa: Editorial Comunicação. Pp. 132
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