Do conflito de gerações

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É preciso um esforço para nos colocarmos no lugar do Outro, viver nos seus sapatos e olhar além do supérfluo. A juventude de hoje não está parada, submissa ou resignada. Optou, sim, por outros meios de luta, dá valor a outras formas de protesto, insurge-se de maneiras pouco ortodoxas ou tradicionais. Já aqui escrevi sobre o presente da geração de jovens de 80 e 90, a geração do epíteto "rasca". Hoje, dou a palavra a Leonel Moura, que, ao contrário de outros cronistas bem instalados no seu pedestal, que proferem vitupérios à geração que ajudaram a criar (e por isso tão responsáveis pelos seus comportamentos como os próprios), consegue calçar os nossos sapatos e dar opiniões fundamentadas e informadas:

"Para usar velhas terminologias, os jovens de hoje são fundamentalmente anarquistas pacifistas, o que pode parecer uma contradição dos termos, mas não é. Embora a violência possa surgir, vide manifestações anticapitalistas um pouco por toda a parte ou as rebeliões na Tunísia e Egito, não se trata aqui do anarquismo dos atentados, da desordem e da má fama dos discursos ligeiros. Mas aquele que deriva do apelo da liberdade, do ser libertário, do não apreciar chefes e hierarquias. E sobretudo aquele que valoriza ao máximo a autonomia individual e o tomar o destino nas próprias mãos. Um anarquismo que nasce da própria lógica da Internet e das redes sociais, onde não existem chefes nem mandantes e cada um dá e partilha o seu contributo próprio. Um anarquismo que emerge em determinadas situações, muito à maneira das ideias e práticas do bando pioneiro de Guy Debord."
(artigo "Os novos anarquistas" de Leonel Moura, no Jornal de Negógios online, sublinhado meu).

Vale a pena ler o artigo todo.

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