Porque nada existe que seja a preto e branco

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Imagem: Sky Dancing


Ontem, ao mesmo tempo que se assistia, nas redes sociais e nos media mainstream em todo o mundo, a uma chuva de tributos a Steve Jobs, alguns internautas aproveitaram o momento para denunciar os atropelos aos direitos humanos perpetrados pela empresa que Steve Jobs liderava até há bem pouco tempo.
Há factos sobre a Apple que devem ser expostos e investigados a fundo, nomeadamente o uso de materiais nocivos e oriundos de regiões em conflito para o fabrico de aparelhos electrónicos, as condições dos trabalhadores em que os produtos da Apple são elaborados, a censura imposta a determinados conteúdos, questões de privacidade no uso de dados dos usuários, bem como outros factos denunciados pela jornalista Alicia Eler no artigo "The Other Steve Jobs: Censorship, Control and Labor Rights" no ReadWriteWeb. Estes factos, de resto, têm sido várias vezes denunciados por várias organizações de promoção e protecção dos Direitos Humanos em todo o mundo, como a Global Witness (http://www.globalwitness.org/library/dodd-frank-acts-section-1502-conflict-minerals, a Friends of Congo http://www.friendsofthecongo.org/resource-center/coltan.html) e a Business & Human Rights (http://www.business-humanrights.org/Categories/Individualcompanies/A/Apple), entre outras, e foram sendo refutados, também por várias vezes, por estudos de jornalistas mais ou menos independentes, como Jack Ewing, com os artigos "Blood on Your Phone? Unlikely It's 'Conflict Coltan'" e "Congo Fighting Revive Tainted Phone Fears".
Sem muito tempo para me dedicar a este assunto neste momento quero apenas hoje dizer que da mesma forma que não me choca que activistas em todo o mundo tenham aproveitado a data da morte de Steve Jobs para chamar a atenção para o lado negro da máquina comercial da Apple, também não me é indiferente que pessoas em todo o mundo tenham dispensado alguns minutos do seu tempo para prestar homenagem a uma personalidade fora do comum, que inspirou e continua a inspirar jovens em todo o mundo, pelo seu percurso de vida, pelos seus discursos e pela sua personalidade.
Nada existe que seja a preto e branco. Como dizem os anglosaxónicos: "Don't throw out the baby with the bathwater".
R. I. P. Steve Jobs.

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