Esquerda

Segundo Encontro para Uma Esquerda Livre

10:58


Imagem: Vera Tavares


O segundo Encontros para uma Esquerda Livre vai decorrer no dia 7 de Julho no Porto. O evento decorre das 17h00 às 20h00, no Maus Hábitos, em frente ao Coliseu do Porto.
Apareçam.

EURALEX

EURALEX 2012

13:15


O programa para o EURALEX deste ano ficou hoje disponível no site de Estudos Escandinavos da Faculdade de Humanidades da Universidade de Oslo, na Noruega. Este ano o evento decorrerá precisamente em Oslo, de 7 a 11 de Agosto.

Língua

"Regionalismos"

09:59


Um pequeno comentário apressado a este artigo do Público: 




A etiqueta "regionalismos", que encabeça o artigo e que passa quase despercebida, refere-se a quê?  São regionalismos as expressões de Lisboa e do Porto, ou só as do Porto? E se só as do Porto, porquê só essas?
"Portuenses e lisboetas nem sempre se entendem na perfeição? Afirmativo, responde Susana Catarino, que trocou Cascais pelo Porto em 1993 e se sentia uma estrangeira na cidade." 
Entendo esta estranheza aqui, mas tenho sérias dúvidas que esta estranheza se verificasse caso a mudança geográfica tivesse sido ao contrário. Infelizmente, o regionalismo depende de um centro, centro este que se espalha por todo o país sem que receba nada em troca. E com isto se esvai parte do nosso património. Sobre este mesmo assunto escrevia há dias Diego Bernal no Diário Liberdade:
"No Brasil as falas cariocas e paulistanas e em Portugal as lisboetas chegam a todos os lares através da televisom, a rádio e a internet.
Porém, quantas vezes umha mineira ouve umha portuguesa de Chaves, umha galega de Burela ou umha indiana de Goa?"

Galego

Só a poesia nos pode salvar... já que nada mais nos pode salvar

09:39


A poesia das palavras, da música, dos actos, da vida:
"Música Náufraga: onte, tentando acalarme a min mesmo a cabeciña explicando á boa xente que me escoitou na Librería Cronopios de Pontevedra, os motivos polos que escribo, entre outros, dixen que por pura emoción. Xa sei que estamos obrigados a definirnos como racionais, lóxicos, fríos, xélidos neuronados que calibran positivlidades e deciden segundo matemáticos criterios. Seino. Mais por iiso manda no mundo a prima de risco. 
Sen embargo, eu escribo, vivo amo respiro son estou proxecto e incluso penso, por emoción. McCartney leva 50 anos escribindo cancións. E aló polo 1976 -dez anos tiña eu- reinvidicou, roqueiro, o seu dereito a escribir "parvas cancións de amor". Agora que está a piques de cumprir 70 anos (o vindeiro 18 deste mes), agasállanos con temas coma este. Emoción pura. Para dicir, quérote, dende sempre, lémbroo a diario, sei que sae o sol porque estás comigo. Creo que el compón cancións, tamén, por pura emoción. E cando eu teña 70, quero seguir escribindo polos mesmos motivos. No básico, porque me emociona a vida."

Francisco Castro, escritor galego, via https://www.facebook.com/franciscocastroveloso, a 06/06/2012.




Copyright

"En matemáticas no hay patentes"

10:50

Imagem: lne.es

"- [...] En matemáticas no hay patentes, los matemáticos no tenemos sentido de la propiedad. Se ve muy bien en las publicaciones. Muchos matemáticos publican en revistas electrónicas que ni siquiera aparecen en los índices de impacto. Los matemáticos no se molestan mucho en marcar su territorio, no les importa la propiedad de lo que hacen. Además, hay una fuerte tradición de servicio, de trabajar con la sociedad en general, sin dinero por el medio. Un servicio voluntario. Otro ejemplo son los artículos científicos que se someten a su publicación en revistas. Hay siempre dos o tres expertos externos a la revista que los evalúan y verifican así que los matemáticos invertimos mucho tiempo en eso, pero gratis. Las editoriales que publican esos artículos no nos pagan ni un céntimo. Y eso que nuestro trabajo lleva días. Tiene su parte positiva, porque si se comercializase habría presiones, se perdería independencia, aparecerían los grupos de presión y quizá la corrupción."
Marta Sanz-Solé, em entrevista ao jornal La Nueva España (lne.es): http://www.lne.es/asturama/2012/06/06/matematicas-hay-patentes-sentido-propiedad/1252835.html através de @alvaro_iriarte. 



Tradução minha:

"- [...] Na matemática não há patentes, nós os matemáticos não temos noção de propriedade. Vê-se muito bem nas publicações. Muitos matemáticos publicam em revistas electrónicas que nem sequer aparecem nos índices de impacto. Os matemáticos não se preocupam em marcar o seu território, não se importam com a propriedade do que fazem. Além disso, há uma grande tradição de serviço, de trabalhar com a sociedade em geral, sem dinheiro pelo meio. Um serviço voluntário. Outro exemplo são os artigos científicos que se submetem a publicação em revistas. Há sempre dois ou três peritos externos que avaliam os artigos e que verificam assim que nós matemáticos investimos muito tempo nesse trabalho, mas gratuitamente. As editoras que publicam esses artigos não nos pagam um cêntimo. E o nosso trabalho leva dias. Tem o seu lado positivo, porque se se comercializasse haveria pressões, perder-se-ia a independência, apareceriam os lobistas (grupos de pressão) e talvez a corrupção."

Identidade

Na língua que se perde, perde-se identidade

02:07


Ao folhear este pequeníssimo livro, que encontrei há dias numa feira, viajei ao passado, ao meu tempo de fruta e violinos. Tantos sorrisos e gargalhadas já me deu.
Há todo um mundo familiar que de novo surge através do simples amontoar de léxico:

APAIJAR, BISTA, INBEJIDADE, JINÊLO, HOMESSA!, MONELHO, MORRINHA, PASMÃO, TRILHAR (Magoar), DIANHOS, TRUNGALÃO, POR-I, ...

Isto é, de certa forma, uma linguagem privada,  identitária.

"Com o desenvolvimento e maior facilidade das intercomunicações, vêm estas forças centralizadoras aumentando enormemente o seu poder de uniformização, sobretudo desde que se generalizou a ràdiofonia, que leva a todos os recantos a influência do centro emissor. Ora, assim, é de prever que as peculiaridades locais e, com elas, as regionais se vão atenuando ràpidamente e tendam a desaparecer por completo. As que ainda resistem, por quanto tempo persistirão elas? Bom será que se registem sem demora, a fim de ficarem, ao menos, com preciosos elementos para a história da língua." 
F. J. Martins Sequeira (1957/58) Apontamentos acerca do falar do Baixo-Minho.  Lisboa: Edição da Revista de Portugal, p. 7.

Diversidade

"I want a president"

20:54




                    
           Imagem:  "I want a president..." de  Zoe Leonard, 1992 



Tradução livre:
"Eu quero uma presidente lésbica. Eu quero uma pessoa com sida para presidente e quero um maricas  para vice-presidente e quero alguém sem segurança social e quero alguém que cresceu num lugar onde a terra esteja tão contaminada com lixo tóxico que não tenha tido opção senão ter leucemia. Eu quero uma presidente que tenha tido um aborto aos 16 anos e quero um candidato que não seja o mal menor.  Eu quero um presidente que tenha perdido o último dos seus amantes por causa da sida, que ainda o veja de cada vez que fecha os olhos para descansar, que teve nos seus braços o seu amado sabendo que ele iria morrer.  Quero um presidente sem ar condicionado, que tenha estado numa fila de hospital, na dgv, no centro de emprego e tenha estado desempregado e tenha sido vítima de layoff e que sofreu assédio sexual e tenha sido vítima de crime homofóbico e deportado. Quero alguém que tenha passado uma noite na cadeia, que tenha tido uma cruz queimada no seu relvado e tenha sobrevivido a violação. Quero alguém que tenha estado apaixonado e que sofreu por amor, que respeita o sexo,  que tenha cometido erros e aprendido com eles.  Quero uma mulher negra para presidente. Quero alguém com maus dentes e atitude, alguém que tenha comido aquela horrível comida de hospital, que faz travesti e tenha usado drogas e  feito terapia. Eu quero alguém que tenha cometido desobediência civil. E quero saber por que é que isto não é possível. Eu quero saber quando é que começamos a acreditar que um presidente tem de ser sempre um palhaço: sempre um chulo mas nunca uma prostituta. Sempre chefe mas nunca trabalhador, um mentiroso, um ladrão que sai sempre impune."

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