A imagem e o anonimato - Parte I

00:42


Há vários meses que me tenho debatido com a questão da imagem e da identidade na Internet. Desde que criei e comecei a escrever neste blog, e mais tarde com a presença nas redes sociais e com a criação da minha página pessoal, por várias vezes recebi, de diversas pessoas amigas e familiares, comentários sobre a minha exposição pessoal na Internet e nas redes sociais.
Estes dias, a propósito da recente polémica acerca da política do uso de "nomes reais" da Google+ (que, de resto, não é exclusiva da Google), lia vários artigos sobre o assunto. Destaco o artigo "Sobre anonimato y redes sociales" de Enrique Dans, que escreve a propósito de um outro artigo de Mike Masnick intitulado What’s in a name: the importance of pseudonymity & the dangers of requiring ‘real names", publicado no Techdirt. Remeto para estes dois artigos as opiniões mais técnicas sobre o assunto. E sobre questões técnicas relativas a este assunto podem ainda consultar o artigo "A case for Pseudonyms" da Electronic Frontier Foundation, ou o artigo "Seudónios y anonimato en Internet", publicado no blog Denken Über, de Mariano Amartino.
Neste post exponho apenas a minha própria experiência em rede, deixo as questões técnicas para os especialistas.
Da mesma maneira que Enrique Dans, eu também não utilizo nem nunca utilizei pseudónimos ou o anonimato para fazer comentários ou escrever opiniões sobre qualquer assunto na Internet. Se o fiz, foi sem intenção de o fazer. Não direi que nunca o farei, mas, por princípio, não o faço; nunca achei que devesse fazê-lo. Sublinho, no entanto, que entendo quem o faça e os motivos por que o fazem. Tanto o Enrique Dans como o Mike Masnick, e todos os outros autores dos artigos que mencionei acima, apresentam razões mais que suficientes para a existência e defesa do anonimato na Internet.
Uma das razões pelas quais não uso o anonimato é porque não acredito nele por princípio. À medida que me vou conhecendo e traçando o perfil da minha identidade, menos disposta estou a usá-lo. Podem ripostar e dizer que sou privilegiada. Afinal, tenho uma actividade profissional suficientemente informal que me tem permitido total liberdade na defesa das minhas opiniões, sejam elas políticas ou de qualquer outra natureza. Vivo num país relativamente tolerante e numa sociedade que valoriza a liberdade de expressão. Pode ser, sou privilegiada.
Pode parecer também um pouco naive da minha parte, mas eu acredito que as pessoas com quem vale a pena conviver e trabalhar são suficientemente informadas, inteligentes e de mente aberta para entender opiniões e pontos de vista diferentes dos seus e de os tolerar e aceitar. Quando deixarem de me aceitar exactamente como sou, vou embora. Mais uma vez, sou uma privilegiada por poder escolher.
No mais, eu creio que subestimamos o sistema. Pergunto-me se existirá verdadeiro anonimato na rede. A partir do momento em que entramos na Internet, existem milhares de aplicações e dispositivos de vigilância que nos informam sobre o tempo e o lugar em que nos encontramos ligados. Nada do que fazemos em rede (e será apenas em rede?) está seguro ou é anónimo; esse é o perigo, mas também o maior desafio. Não creio que exista verdadeiro anonimato na sociedade em que vivemos, muito menos na Internet.
E a propósito deste assunto, cito novamente as palavras de Samy Kamkar sobre privacidade e segurança na rede:

- Detesto dizer isto, mas não há sítio na rede em que possa confiar-se absolutamente. Todos os meses mais algum é atacado ou regista fugas de informação. Claro que nas redes sociais expomos mais dados, e quem não quer correr esse risco, não as use. Por mim, prefiro correr o risco, em vez de ficar fora delas.

You Might Also Like

0 comentários

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.