Do local e do global

15:54

Imagem: emersonmarques.blogspot.com


No sítio http://thelinguistblogger.wordpress.com/, no post intitulado "One National Language", leio a seguinte conclusão:

"Vives numa sociedade multilingue? Talvez vivas e não saibas ou talvez tenhas sido criado numa redoma monolingue. Aprender uma nova língua tem a ver com fazer conexões, por isso, se estás a ponderar qual a nova língua que deves aprender, tenta aprender uma que seja falada na tua comunidade. É verdade que os imigrantes, e mesmo os expatriados, devem aprender a língua local, mas o que há de errado no facto de os locais aprenderem a língua dos seus vizinhos? As sociedades multilingues funcionais são aquelas onde não existem barreiras linguísticas no seio de diferentes línguas." [tradução minha]

Nada mais sensato, não fosse o facto de este post fazer referência (reverência) a um outro post intitulado "One common language for Spain", do blog Voices en Español, onde se pode ler o seguinte:

"Spain is home to as many as nine languages, three of which (català, euskera, galego) have co-official status with castellano, i.e. Spanish. As a result, these three languages have tremendous political and social clout inside the country.

It’s a messy and complicated issue but in recent years language has been used as a political weapon to elevate and separate different communities in Spain. For example, a Spaniard who aspires to be a public school teacher, a public health doctor, a cop or a city hall bureaucrat in Catalonia, is pretty much out of luck if he/she doesn’t speak fluent catalán. Meanwhile in several communities the primary language of instruction in the public schools is one of the co-official languages, not Spanish. With the way things are going, could there eventually emerge a massive population of Spaniards who will be functionally illiterate in Spanish since they won’t speak nor use Spanish as their main language? It is a frightening thought."

Há várias questões que aqui se podem levantar:

1) Quem decide que língua deve ser considerada oficial dentro de uma determinada região/comunidade/país? Quem tem ou deve ter autoridade para isso?;

2) A língua define os limites de um país ou nação? ou A língua é o bastante para definir um país/nação? ou ainda, A língua define uma identidade? Sou português se falo português, sou espanhol se falo espanhol?;

3) Existe o local no global ou, de outro modo, pode o local coexistir com o global?;

4) O facto de uma comunidade preferir uma língua implica cortar com os vestígios de outra?;

5) O facto de uma criança ser oficialmente instruída numa língua, torna-a iletrada noutra? ;

6) É demais insistir numa instrução em duas, três ou quatro línguas?;

7) A existência de várias línguas oficiais (ou co-oficiais) ameaça a unidade nacional? ;

8) Não serão mais interessantes as razões que estão na base da decisão, por parte de uma comunidade, de instruir as suas crianças numa língua totalmente estranha à oficial (*), do que as razões que estão na base dos partidários do lema "uma nação, uma língua", como parece ser o caso do autor do post referido acima?

(*) O post "One common language for Spain" faz referência a um spot lançado pelo PP espanhol onde é possível ouvir um diálogo, supostamente verídico, entre uma mãe e uma representante da Administração Pública catalã onde se depreende que na Catalunha não é possível estudar em espanhol numa escola pública.

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