OLPC, Linux e Microsoft

18:11

Já há tempos havia escrito um post acerca do OLPC, uma organização sem fins lucrativos que faz parte do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e que tem por missão facultar às crianças dos países em vias de desenvolvimento uma nova forma de aprender, permitindo-lhes, através de um computador cujo custo é de 100 dólares, o XO, o acesso ao mundo e a ferramentas para o explorar. Na altura, um familiar meu no Rio de Janeiro, num comentário ao referido post, descreveu o que se havia passado com esta iniciativa no Brasil. Escrevia assim:

"[...] Aqui no Brasil, em primeira instância, quem poderia participar com doações ou fornecimento de materiais de forma menos lucrativa não "entendeu" bem o projeto e tentou negociar com o Governo, computadores e notebooks a preços muito além dos possíveis a este projeto. A empresa Positivo, foi a primeira a tentar fechar o convênio, que foi desfeito pelo Governo por inadequação de preços. [...]"
Estas palavras não foram suficientes para começar a olhar com desconfiança para este projecto até que leio hoje, numa notícia do PÚBLICO.PT, que a Microsoft se juntou ao projecto. O primeiro XO foi desenvolvido para funcionar com sistema operativo Linux, mas a OLPC, não contente com as vendas dos XO, resolveu fazer um protocolo com a Microsoft. A nova geração do XO, o XO2, contará agora com o Windows como sistema operativo, o que vai contra toda a filosofia inicial do projecto OLPC. Através de um dos comentários feitos à notícia do PÚBLICO.PT chego ao sítio http://radian.org/notebook/ desenvolvido por Ivan Krstić, que esteve activamente envolvido no projecto. Num post dedicado ao protocolo entre a OLPC e a Microsoft pode ler-se:

[...] OLPC should be philosophically pure about its own machines. Being a non-profit that leverages goodwill from a tremendous number of community volunteers for its success and whose core mission is one of social betterment, it has a great deal of social responsibility. It should not become a vehicle for creating economic incentives for a particular vendor. It should not believe the nonsense about Windows being a requirement for business after the children grow up. Windows is a requirement because enough people grew up with it, not the other way around. If OLPC made a billion people grow up with Linux, Linux would be just dandy for business. And OLPC shouldn’t make its sole OS one that cripples the very hardware that supposedly set the project’s laptops apart: released versions of Windows can neither make good use of the XO power management, nor its full mesh or advanced display capabilities.


Most importantly, the OS that OLPC ships should be one that embodies the culture of learning that OLPC adheres to. The culture of open inquiry, diverse cooperative work, of freely doing and debugging — this is important. OLPC has a responsibility to spread the culture of freedom and ideas that support its educational mission; that cannot be done by only offering a proprietary operating system for the laptops.

Put differently, OLPC can’t claim to be preoccupied with learning and not with training children to be office computer drones, while at the same time being coerced by hollow office drone rhetoric to deploy the computers with office drone software. Nicholas used to say the thought of the XOs being used to teach 6-year olds Word and Excel made him cringe. Apparently, no longer so. Which is it? The vacillation needs to stop. As they say in the motherland: shit or get off the pot. [...]

Pena é que o projecto comece a ficar totalmente desacreditado.

Imagem: http://www.slashgear.com/

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