Direitos

De homossexualidade e da Bíblia

00:11


" [...] Nos States, a assanhada moderadora de um programa radiofónico de linha aberta decretou a homossexualidade uma perversão, apoiando-se na Bíblia, mais precisamente no Levítico, capítulo 18, versículo 22: «Tu não te deitarás com um homem como te deitarias como uma mulher: seria uma abominação.». Um ouvinte reagiu por carta [...]: « Gostaria de vender a minha filha como serva, tal como vem indicado no livro do Êxodo, cap. 21, 7. Na sua opinião, qual seria o preço mais justo? O Levítico, também no cap. 25, 44, diz que posso ter escravos, homens ou mulheres, desde que sejam comprados em nações vizinhas. Um amigo meu afirma que isto é aplicável aos mexicanos, mas não aos canadianos. [...] Tenho um vizinho que trabalha ao sábado. O Êxodo (25, 2) afirma claramente que ele deve ser condenado à morte. Sou obrigado a matá-lo eu próprio? [...]".
Onésimo Teotónio de Almeida, "Versículos Satânicos" in Ler, Novembro, 2009, p. 93.


Direitos

Dia internacional contra a violência de género

00:46



"Há muitas [...] maneiras subtis mediante as quais os homens tiram proveito da alteridade da mulher. Para todos os que sofrem de complexo de inferioridade, há nisso um remédio milagroso: ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso, do que o homem que duvida da sua virilidade. Os que não se intimidam com os seus semelhantes mostram-se também muito mais dispostos a reconhecer na mulher um semelhante." (Simone de Beauvoir (2009). O Segundo Sexo. Lisboa: Quetzal, p. 27) (sublinhado meu)

Direitos

Das questões de género

21:54


Vem este post a propósito deste post do Arrastão. Devo dizer que este post me intrigou. Não entendi o propósito. Pareceu-me despropositado, abusadamente machista, se bem que, depois deste outro post, parece-me que o Daniel se redimiu.
É que há um tipo de discurso moderno, repleto, por certo, das melhores intenções, que insiste em defender que entre homens e mulheres não existem diferenças. Não se nasce mulher, torna-se mulher, dizia Beauvoir.
Aqueles direitos pelo quais os movimentos feministas de meados do século passado defenderam, muitas vezes com a própria vida, tendemos nós, hoje, a tê-los por garantidos: direitos civis (como o direito ao voto), direito a decidir sobre o próprio corpo, liberdade sexual. E é certo que acabamos com grande parte dos tabus respeitantes à condição feminina.
Hoje queremos todos esses direitos civis e individuais e queremos também todos os outros deveres que hoje se transformaram em direitos, por advirem de uma escolha e não de uma imposição: o casamento e a maternidade. Queremos iguais direitos, queremos igualdade de oportunidades, queremos o trabalho, queremos o casamento, queremos a maternidade e queremos também a identidade que nos torna indivíduos, a individualidade. Queremos, enfim, tudo a que temos direito .
E esta confirmação de que podemos, efectivamente, fazer tudo de forma exemplar, vem de todos os quadrantes da sociedade. Dizem-nos que é possível ser-se uma mãe fantástica, uma excelente profissional e ainda um indivíduo com aquela liberdade pessoal que julgamos que perdemos quando passamos para uma outra categoria. E por um tempo isto resulta. Depois, chegamos a um estado de assoberbamento e damos por nós a pensar se não teremos feito escolhas erradas, se não teremos escolhido em demasia. Se, afinal, perdemos a razão. E, nesse momento, caímos na tentação de acreditar naquele discurso proteccionista e condescendente, mascarado tantas vezes de machismo, de chauvinismo e com laivos de misoginia. Tendemos a acreditar que talvez nós não sejamos, de facto, capazes de fazer tudo. E caímos no erro de nos impormos uma escolha: ou o trabalho, ou a família, ou os filhos ou a independência e o espaço pessoal. Ou pior, caímos no erro da autocomiseração. Como se a escolha dependesse do tudo ou nada. A questão não é podermos ou não fazer tudo, é a de sermos ou não livres para escolher o caminho. Muitas vezes não há escolha.
Devo dizer que não sei o que é pior: aquele discurso de complacência e proteccionista cuja intenção de fundo é apenas a necessidade de domínio, que nos passa a mão pela cabeça e tenta convencer-nos de que há que aceitar as evidências e o fracasso; ou, por outro lado, aquele outro discurso, mascarado de moderno e feminista, que defende que não há diferenças entre homens e mulheres e que, por isso, todos devem ser tratados da mesma forma, independentemente das suas particularidades de género. Os dois discursos parecem-me pestilentos.
Ora, há pelo menos uma particularidade, que não me parece ser apenas de pormenor, em que homens e mulheres não são, efectivamente, iguais: a capacidade de gerar, a maternidade. É um facto que é a mulher que carrega o filho durante meses no seu útero – e anseio com optimismo pelo momento em que a mulher possa escolher delegar essa responsabilidade no homem (e que revolução social isso não trará!). E ainda que com todas as leis de protecção da maternidade – que reduzem, mas não impedem, por exemplo, a discriminação de género no acesso ao emprego ou a lugares de poder – ainda assim, não podemos escamotear o facto de que uma mulher que decide engravidar, vê reduzidas muitas das suas liberdades. Senão, tentem fazer uma meia-maratona, entrar em alta competição, fazer rafting ou paraquedismo com uma barriga de seis, sete, oito, nove meses. Mas não falo apenas de actividades físicas intensas: tentem conseguir autorização para viajar de avião depois dos sete meses de gestação, ou tentem fazer qualquer tipo de actividade intensa nas duas primeiras semanas pós-parto (a mim levou-me mais de um mês para conseguir sentar-me normalmente); ou tentem ausentar-se por mais de 4 horas do vosso bebé enquanto estão na fase de amamentação (sim, posso escolher não amamentar, mas também posso escolher fazê-lo, é meu direito).
E, tentem planear a vossa vida, pondo em espera a vontade de procriar: pensar no emprego, na carreira, construir uma vida estável, sólida… esperam até aos 30, 40, 45, 50. Hoje, convenhamos, não conseguimos estabilidade financeira nem com 40, quanto mais com 30. E esperamos, esperamos, esperamos até que… ops, já com 35 anos o médico diz-nos que a nossa gravidez pode ser de risco. Não, não somos iguais aos homens, que podem procriar até morrer (mais outra conquista da ciência a ser pensada seriamente). Aos 35 anos já há a possibilidade de gravidez de risco, portanto, ou nos despachamos ou… desistimos dessa parte!
Não, não somos iguais aos homens. Enquanto a gestação for assunto de mulher, não somos iguais, de facto. E é curioso que das lutas das feministas mais empedernidas não faça parte a reivindicação do direito à maternidade. A ânsia de nos assemelharmos aos homens, que advém do facto de acreditarmos que só na semelhança podemos exigir direitos iguais, esforçou-se por ceifar todas as diferenças. A maternidade é tabu para o feminismo, tal como o casamento ou todos os outros direitos que pareçam permitir a submissão da mulher face ao homem. De facto, terei de fazer um grande esforço para encontrar uma feminista na condição de mãe.
É só no reconhecimento das diferenças que podemos aspirar a promover a igualdade de direitos e oportunidades. Senão, arriscamo-nos a correr na direcção oposta e a perpetuar a discriminação negativa.
Perdoem-me as feministas mais empedernidas, mas ainda hoje, depois de muita psicanálise para aceitar a minha condição de género, ou talvez até por isso mesmo, não me incomoda nada que um homem se ofereça para ajudar a carregar as minhas malas, me abra a porta ou me dê passagem no elevador. E, devo dizer, não considero, absolutamente, submissão deixar que um homem me abra a porta do carro para eu entrar ou me ajeite a cadeira à mesa. É que, para que um acto de machismo ou de submissão seja assim considerado, é preciso uma intenção e alguém que se considere a subjugar e alguém que se considere subjugado. Sem tais percepções, um acto é apenas um acto, sem mais.
É curioso que nas regras de conduta de algumas organizações internacionais onde existe um ambiente multicultural (como a ONU), actos como os que referi no parágrafo anterior sejam considerados desrespeitosos e desaconselhados. Entende-se. Afinal, as conquistas pela igualdade de género ainda são muito recentes e estão por finalizar.
Para alguém se sentir ofendido não é necessário ter havido a intenção de ofensa. E com isto volto ao post de Daniel Oliveira. Independentemente da intenção que está por trás do post, a interpretação que eu resolvo dar-lhe é minha responsabilidade. Tal como é da minha responsabilidade a escolha que decido fazer, sempre que a escolha é possível. Como dizia um professor meu (embora com discurso tendencioso, uma vez que estávamos a falar de sexo e gravidez e visto ele ser um padre, mas, ainda assim vale pelo princípio), nunca façam nada cujas consequências não estejam dispostas ou preparadas para enfrentar.

Comércio Justo

Semana do Consumo Responsável - 23 a 29 Novembro

16:55


De 23 a 29 de Novembro realiza-se, na Universidade Lusíada de Lisboa, a Semana do Consumo Responsável. Esta iniciativa vai contar com diversas entidades que promovem e trabalham sobre a temática do consumo responsável. O programa pode ser consultado aqui. A entrada é livre e também é possível participar na organização como voluntário.

Direitos

Dia da tolerância

23:26

"Instituído pelas Nações Unidas em 1995 em reconhecimento à Declaração de Paris, na qual os Estados reafirmaram o seu compromisso no respeito pelos Direitos Humanos fundamentais e pela dignidade e valor da pessoa humana."

Fonte: Amnistia Internacional


Copyright

Ainda a censura

11:23

"No Internet Governance Forum patrocinado pela ONU no Egito, o grupo anti-censura Open Net Initiative foi surpreendido com uma ordem dos funcionários da ONU para retirar um cartaz que cita a censura chinesa da Net. Quando a ONI recusou o pedido, o pessoal da segurança chegou e tirou o cartaz. O grupo estava promovendo o seu novo livro, Acesso Controlado, um apanhado da censura na internet, filtragem e vigilância online. Uma testemunha disse: "O cartaz foi atirado ao chão e foi-nos dito para removê-lo por causa da referência à China e ao Tibete. Nós recusamos, e os seguranças vieram e removeram-no. O incidente foi presenciado por muitos" Aqui está um vídeo da remoção".
Fonte: Slashdot via Partido Pirata

O cartaz objecto de censura:


Mais informação sobre o ocorrido aqui.

Arte

Feira BioArte (8 de Novembro)

09:09


"Realiza-se dia 8 de Novembro de 2009, das 10:00 às 17:30, no Mercado Cultural do Carandá mais uma Feira BioArte promovida pela Sementinhas ao Vento.

Com trabalhos feiros em madeira, trapilho, pintura em tecido, origami, bijuteria, arranjos florais, pintura em azulejo, biscuit, eco-artesanato.

O objectivo desta feira é facilitar a procura de produtos de qualidade aos consumidores com consciência ecológica; proporcionar a troca de informação de alternativas aos produtos convencionais; aumentar a consciência ambiental dos cidadãoos; contribuir para o desenvolvimento de hábitos mais saudáveis e amigos do ambiente; usar a Arte como veículo de consciencialização para o desenvolvimento sustentável.
"

Fonte: O Portal da cidade
Consciência ecológica e social, com a participação da Alternativa (Associção para a promoção do Comércio Justo).
Levem as crianças. E aproveitem para fazer as compras de Natal.

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