Direitos

França e as suas línguas regionais

22:47



Um artigo do sítio Eurolang intitulado "One language, one state: France says ‘Non’ to its ‘regional’ languages", dava conta da recusa do Governo francês em ratificar a Carta Europeia para as Línguas Regionais ou Minoritárias. Segundo este artigo a ministra da cultura francesa, representante do governo, justificava esta recusa com o argumento de que "it would undermine the eighteenth century French centralist idea of one language, one state, set up to unify the regions and countries taken over by France before and after the French revolution".
No passado dia 22 de Maio, porém, os deputados franceses decidiram votar favoravelmente a uma proposta de emenda à Constituição que reconhece as línguas regionais como um património do país. No artigo 1 da Constituição poderá ler-se, caso a emenda seja ratificada pelo Senado, "Les langues régionales appartiennent au patrimoine" da nação francesa.
Não obstante esta viragem de política linguística, o Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas (CESCR) veio prontamente acusar o governo francês de adoptar uma política linguística que contribui para o declínio das suas línguas regionais. Segundo se lê num artigo de Davyth Hicks no sítio Eurolang com o título "France: deputies vote for ‘regional’ language recognition amidst strong UN criticism", membros do CESCR sugerem que a votação a favor da emenda à Constituição pode ter sido uma tentativa de desviar críticas, no momento em que a França está prestes a assumir a presidência da UE, e que muita coisa deve a França ainda fazer em relação à sua política linguística interna:
"According to the Committee "the right to use a minority language, which can only be exercised in common with other members of the minority group" are not respected in France.

The Committee regretted that "the absence of official recognition of regional and minority languages has contributed to the decline in the number of speakers of these languages. "

The Committee recalls in France that "equality before the law and the prohibition of discrimination does not always ensure equal and effective enjoyment of human rights, particularly economic, social and cultural rights by persons belonging to minority groups. "

The UN Committee called on France to revise its Constitution to "officially recognize the need to protect cultural diversity and all minority groups under the jurisdiction of the State party".

The Committee reiterated its requests to France to lift its reservations on articles 27 of the International Covenant on Civil and Political Rights and Article 30 of the Convention on the Rights of the Child (right persons Part of minority groups), and that it ratifies the Framework Convention for Protection of National Minorities, as well as the European Charter for Regional or Minority Languages, and Protocol No. 12 of the European Convention human rights against all forms of discrimination.

The Committee said that France must “increase its efforts to preserve and promote regional languages and cultures, particularly in public education, television and radio and calls for official recognition of these languages in the Constitution.”" (sublinhado meu)

Comunismo

Comunismo e indivíduo

21:38





"Louis Aragon, poeta oficial do Partido Comunista Francês, simplesmente constatou: “Perdi meu tempo”, ao verificar o desmoronamento do socialismo real.
Quando alguém examina livros, revistas e folhetos comunistas verifica um fato surpreendente. Em nenhuma parte da interminável verborréia que pretende abordar o político-social se encontra qualquer referência ao indivíduo.
Página após página encontramos os termos massas, proletariado, burguesia, mercenários do capitalismo, reformistas, revisionistas, renegados e sempre, em toda a parte, referências à vanguarda revolucionária. Isto é, ao partido.
Sempre que se refere a qualquer membro do partido, ele é esterilizado psicologicamente e tirada a sua individualidade: é convertido no companheiro, kamarada ou quadro.
Não é, porém, por acidente que o ser humano está ausente dos escritos comunistas. O indivíduo não tem cabimento na teoria e no programa dos partidos comunistas. A ideologia só se interessa pelo homem como membro de uma classe e, no que se refere ao programa, os indivíduos são manejados como massa.
Na medida em que o indivíduo siga sendo ele mesmo, diz-se que está animado por interesses e esperanças pessoais: é sensível às dúvidas e ao otimismo; é capaz de ser tocado pelo mistério da vida; torna-se imprevisível e capaz de ater-se às suas próprias opiniões.
As mesmas qualidades que fazem dele um indivíduo o desqualificam para os fins partidários. Tende demasiado a não ser facilmente convencido, a mostrar-se cético, a aborrecer-se pelas reiteradas abstrações próprias da ideologia comunista, a duvidar do método, a manter uma opinião ainda mesmo depois de se ter convertido à linha partidária e a simpatizar ou antipatizar com uns semelhantes sem permissão do Comitê Central.
Em conseqüência, não é confiável. Necessita ser desenvolvido e integrado à massa, a fim de que o partido cumpra a sua missão histórica.
De acordo com a doutrina científica, todos os aspectos do ser humano que não se prestem à sua politização são burgueses."  
Carlos I.S. Azambuja (06/05/2008)
Fonte: www.midiasemmascara.com.br

Direitos

Da língua e da identidade

20:18

Cartoon: Tural Hasanlý em www.donquixotte.at
"É impossível contar as línguas, eis o que queria sugerir. Não há calculabilidade, a partir do momento em que nunca o Uno de uma língua, que escapa a qualquer contabilidade aritmética, é determinado. O Uno da monolíngua de que falo, e aquele que eu falo, não será portanto uma identidade aritmética, nem mesmo uma identidade 'tout court'. A monolíngua permanece portanto incalculável, pelo menos neste traço. Mas que as línguas pareçam estritamente enumeráveis, tal não as impede a todas de desaparecerem. Elas soçobram às centenas neste século, em cada dia, e esta perda abre a questão de uma outra salvaguarda ou de uma outra salvação. Para fazer algo diferente de arquivar idiomas (o que cientificamente nós fazemso por vezes, senão suficientemente, com uma urgência cada vez mais preemente), como salvar uma língua? Uma língua viva e 'salva'?
Que pensar desta nova soteriologia? Será boa? Em nome de quê? E se, para salvar homens em perdição na sua língua, para libertar os próprios homens, excepção feita à sua língua, valesse mais a pena renunciar a ela, renunciar pelo menos às melhores condições de sobrevivência 'a qualquer preço' de um idioma? Porque vivemos um tempo em que por vezes esta questão se coloca. Na terra dos homens, hoje, alguns são obrigados a ceder à homo-hegemonia das línguas dominantes, estão obrigados a aprender a língua dos senhores, do capital e das máquinas, estão obrigados a perder o seu idioma para sobreviverem ou para viverem melhor. Economia trágica, conselho impossível. Eu não sei se a salvação dada ao outro supõe a salvação do idioma."
Jacques DERRIDA (2001). O Monolinguismo do Outro ou a Prótese de Origem. Porto: Campo das Letras. Pp. 47-48

Ensino

A política da(s) língua(s)

21:41

Palavras de Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação de Professores de Português, sobre o ensino da língua portuguesa no mundo:

"«A União Europeia (UE) funciona porque países como nós gastam rios de dinheiro a ensinar cá dentro inglês, francês e alemão que, apesar de ninguém o assumir, são de facto as línguas de trabalho na UE» [...]«é uma situação estranha e rara: nós portugueses pagamos o ensino do português lá fora e pagamos o ensino das outras línguas cá dentro, devemos ser um país muito rico».

«Acho que deveria haver um tipo qualquer de política de coesão linguística a nível europeu», defendeu, considerando que «Portugal não tem capacidade de tratar desta questão sozinho».

«Para mim, isto deveria implicar uma estratégia comum entre as pequenas línguas da Europa, que são um muito grande contributo para a coesão europeia» [...]"

Fonte: diario.iol.pt

Língua

Ainda sobre o acordo ortográfico

21:01

Leio hoje, com mais de 20 dias de atraso, o artigo de Henrique Monteagudo no El País intitulado "O novo acordo ortográfico luso-brasileiro".
O autor faz uma breve resenha histórica do contexto em que surgiu o acordo ortográfico e acaba com a pergunta que eu mesma me tenho posto desde que ele surgiu no debate público:

" [...]En definitiva, resulta verdadeiramente imprescindible forxar unha norma común luso-brasileira? Non sería máis razoable que a diversidade policéntrica do idioma falado a un e outro lado do Atlántico tivese a súa plasmación en cadansúa norma particular, mutuamente (re)coñecidas? [...]"
Quanto ao silêncio que se manteve na opinião pública desde 1991, e que o ministro da cultura fez questão de enfatizar, talvez ele fosse indicador de que ninguém precisava do acordo e que todos viviam muito bem sem ele.
Para quem se manifestou impreterivelmente e efusivamente contra o acordo resta a desobediência. Desobedeçam, pois!

Direitos

Raimon e o 18 de Maio de 1968 em Madrid

21:29

Mais uma vez, pelo blogue de Fernando Manero, Campos Abiertos, descubro Raimon, um cantor valenciano nascido em 1940.
Fernando Manero recorda neste post o 18 de Maio de 1968 em Madrid:

"el recital que el cantante valenciano - de Xátiva- Raimon ofreció en la que entonces se llamaba Universidad Central de Madrid, hoy Universidad Complutense. El acto tuvo lugar en Madrid pero su resonancia fue enorme en toda España. No se transmitió de ningún modo más allá del recinto donde los asistentes se agolparon en una de las manifestaciones por la libertad más impresionantes de la España de la época. Ni la radio ni la televisión (apenas la prensa: ay, diario Madrid, cómo se te recuerda) se hicieron eco del evento, pero estuvo en todas las mentes y en todas las conversaciones de quienes mirábamos a la capital de España y a Barcelona como los espacios de referencia en nuestra pretensión de ser como los europeos."




Ahora que estamos juntos
diré lo que tú y yo sabemos
y que a menudo olvidamos.

Hemos visto el miedo
ser ley para todos.

Hemos visto la sangre,
que solo hace sangre,
ser ley del mundo.

No,
yo digo no,
digamos no,
nosotros no somos de ese mundo.

Hemos visto el hambre
ser parte de los trabajadores.

Hemos visto encerrados en la cárcel
hombres llenos de razón.

No,
yo digo no,
digamos no
nosotros no somos de ese mundo.

No,
digamos no,
nosotros no somos de ese mundo.

(tradução de Syrix, no You Tube)

Direitos

Os falsos recibos verdes no Estado

19:34

Leio agora no PÚBLICO.PT que os funcionários do programa Novas Oportunidades que estavam a trabalhar a recibos verdes vão ter contratos de trabalho. Leio também aí que a medida foi tomada como resposta a uma pergunta do deputado Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda. O primeiro-ministro garante, lê-se no artigo, que "as situações irregulares dos recibos verdes serão vistas «caso a caso»".
Quantas perguntas terá de fazer o deputado do Bloco de Esquerda e quantos mais despachos terão de ser feitos?
E quantas mais manchetes de jornais serão precisas?

Para notícias e debates sobre os recentemente famosos falsos recibos verdes ver o blog FERVE, um sítio que, como vem escrito na apresentação, "pretende actuar em duas vertentes: 1) denunciar situações de uso abusivo de recibos verdes 2) promover um espaço de debate acerca desta realidade laboral, de forma a promover a mudança".

Estamos atentos!!


Imagem: http://phelgo.deviantart.com/

Linux

OLPC, Linux e Microsoft

18:11

Já há tempos havia escrito um post acerca do OLPC, uma organização sem fins lucrativos que faz parte do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e que tem por missão facultar às crianças dos países em vias de desenvolvimento uma nova forma de aprender, permitindo-lhes, através de um computador cujo custo é de 100 dólares, o XO, o acesso ao mundo e a ferramentas para o explorar. Na altura, um familiar meu no Rio de Janeiro, num comentário ao referido post, descreveu o que se havia passado com esta iniciativa no Brasil. Escrevia assim:

"[...] Aqui no Brasil, em primeira instância, quem poderia participar com doações ou fornecimento de materiais de forma menos lucrativa não "entendeu" bem o projeto e tentou negociar com o Governo, computadores e notebooks a preços muito além dos possíveis a este projeto. A empresa Positivo, foi a primeira a tentar fechar o convênio, que foi desfeito pelo Governo por inadequação de preços. [...]"
Estas palavras não foram suficientes para começar a olhar com desconfiança para este projecto até que leio hoje, numa notícia do PÚBLICO.PT, que a Microsoft se juntou ao projecto. O primeiro XO foi desenvolvido para funcionar com sistema operativo Linux, mas a OLPC, não contente com as vendas dos XO, resolveu fazer um protocolo com a Microsoft. A nova geração do XO, o XO2, contará agora com o Windows como sistema operativo, o que vai contra toda a filosofia inicial do projecto OLPC. Através de um dos comentários feitos à notícia do PÚBLICO.PT chego ao sítio http://radian.org/notebook/ desenvolvido por Ivan Krstić, que esteve activamente envolvido no projecto. Num post dedicado ao protocolo entre a OLPC e a Microsoft pode ler-se:

[...] OLPC should be philosophically pure about its own machines. Being a non-profit that leverages goodwill from a tremendous number of community volunteers for its success and whose core mission is one of social betterment, it has a great deal of social responsibility. It should not become a vehicle for creating economic incentives for a particular vendor. It should not believe the nonsense about Windows being a requirement for business after the children grow up. Windows is a requirement because enough people grew up with it, not the other way around. If OLPC made a billion people grow up with Linux, Linux would be just dandy for business. And OLPC shouldn’t make its sole OS one that cripples the very hardware that supposedly set the project’s laptops apart: released versions of Windows can neither make good use of the XO power management, nor its full mesh or advanced display capabilities.


Most importantly, the OS that OLPC ships should be one that embodies the culture of learning that OLPC adheres to. The culture of open inquiry, diverse cooperative work, of freely doing and debugging — this is important. OLPC has a responsibility to spread the culture of freedom and ideas that support its educational mission; that cannot be done by only offering a proprietary operating system for the laptops.

Put differently, OLPC can’t claim to be preoccupied with learning and not with training children to be office computer drones, while at the same time being coerced by hollow office drone rhetoric to deploy the computers with office drone software. Nicholas used to say the thought of the XOs being used to teach 6-year olds Word and Excel made him cringe. Apparently, no longer so. Which is it? The vacillation needs to stop. As they say in the motherland: shit or get off the pot. [...]

Pena é que o projecto comece a ficar totalmente desacreditado.

Imagem: http://www.slashgear.com/

Ensino

Podcasts para aprender línguas

17:29

O sítio da Internet www.racum.com reuniu uma lista de podcasts gratuitos para quem deseja aprender línguas. Apenas um inconveniente: todos eles partem do inglês para ensinar outras línguas. Assim, para quem esteja motivado a aprender, por exemplo, árabe, terá necessariamente que se dedicar a aprender inglês, caso não domine a língua.
Transfiro para aqui alguns dos podcasts disponibilizados:


América latina

Adriana Calcanhotto no Coliseu do Porto

15:03



"ADRIANA CALCANHOTTO Depois da consagração nos Coliseus de Lisboa e Porto, Adriana Calcanhotto regressa a Portugal com novo álbum na bagagem. Deita feita, “Maré” é o nome do novo espectáculo da autora de Fico Assim Sem Você, a mesma que se afirmou como uma das maiores intérpretes da Música Popular Brasileira da actualidade assim como uma compositora cuidadosa. O seu talento nato para brincar com as palavras é conhecido mas mais encantador é a sua felicidade em brincar com o público. E porque uma Cantada de Adriana nunca é demais, a não perder Adriana Calcanhotto de novo em Portugal".
A 29 e 30 de Maio no coliseu do Porto.

Fonte: www.coliseudoporto.pt

Direitos

Josep-Lluís Carod Rovira, Espanha, Portugal e a Catalunha

14:25


«O vice-presidente do Governo Autónomo da Catalunha, Josep-Lluís Carod Rovira, disse hoje em Barcelona que Espanha ainda não assumiu que Portugal é um Estado independente. Carod Rovira considera que Madrid pretende manter uma "tutela paternalista" e uma atitude de "imperialismo doméstico" sobre o Estado Português, onde, acrescentou, "historicamente, sempre houve um certo complexo por parte de alguns sectores dirigentes em relação a Espanha".
O número dois do executivo catalão e responsável pelas relações externas da região com 7,5 milhões de habitantes, afirma que pretende conseguir o apoio de Portugal para o projecto de independência que defende para a Região Autónoma, cujo referendo propõe que se realize em 2014. "O que menos interessa a Portugal é uma Espanha unitária", afirmou, sublinhando que "uma Catalunha independente na fachada mediterrânea poderia ser o contrapeso lógico ao centralismo espanhol". Segundo Carod Rovira, Portugal deve perceber que a independência da Catalunha nada tem que ver com a regionalização. "A Catalunha é como Portugal mas sem os Restauradores".
[...]
Josep-Lluis Carod Rovira, que fala e entende perfeitamente o português, garantiu ter "muitos aliados internacionais" para o que designa "projecto de independência para a Catalunha" mas recusou-se a aprofundar o assunto para não dar "pistas desnecessárias". Para Carod Rovira a situação da Catalunha é específica e não é comparável a nenhuma autonomia ou a qualquer processo de independência. "A Catalunha não é o Kosovo, nem é o País Basco, nem a Madeira", disse, considerando que "os processos de independência passam por três fases: ridicularização, hostilidade e aceitação. Neste momento, estamos entre a primeira e a segunda".
Relativamente à participação activa dos imigrantes na construção de uma futura "República da Catalunha", Carod Rovira afirma que "todos podem vir a colaborar numa nação que é permeável à contribuição exterior". Trata-se de um "projecto integrador", sublinha. "Quero ser independente e quero que Catalunha seja mais um Estado da União Europeia", salientou.
Referendo em 2014
O governante propõe um referendo para 2014 por três razões: a primeira porque em 2014 "assinalam-se os 300 anos sobre a data em que Catalunha perdeu a condição de Estado"; a segunda porque termina o investimento previsto pelo Estatuto de Autonomia da Catalunha, em matéria de infra-estruturas, por parte do executivo espanhol; e em terceiro lugar porque em 2014 acabam as ajudas do Fundo de Coesão Europeu. "O ano de 2014 não é a data para a soberania mas sim para a democracia", afirmou.
[...] Inquirido se o seu projecto de independência pode vir a perder força, tendo em conta que vai deixar de ser presidente da Esquerda Republicana da Catalunha, Carod Rovira responde que há "milhares de pessoas que querem construir um Estado diferente de uma Espanha plural que não existe".
Sobre o futuro da União Europeia, Carod Rovira defende que "todos os europeus querem construir uma Europa mas todos eles a partir do seu Estado. Nunca a Europa esteve tão unida como actualmente, mas também é verdade que nunca houve na Europa tantos estados independentes". O dirigente assumiu que uma visita a Portugal é um "tema pendente porque, afirma, "Lisboa é uma das cidades que mais estimo".
[...]
Saramago discorda da ideia
O escritor português José Saramago rejeitou hoje que Espanha não encare Portugal como um Estado independente. "Discordo completamente. Tenho com Espanha uma relação que é conhecida e nunca me apercebi de qualquer irregularidade política ou estratégia de qualquer tipo, comercial ou financeiro, que indicasse que Espanha não reconhece a independência de Portugal", disse o Nobel da Literatura.
[...]
Não há nada mais fácil do que afirmar, mas é necessário que se demonstre" o que se diz, disse o escritor, acrescentando que nesses casos "a imprensa fica com uma manchete e não tem mais nada para dizer do que isso. Não aparece a justificação de uma afirmação tão séria e grave como essa".» (18/05/2008 - Lusa)

Fonte: PUBLICO.PT

Anarquia

Esquerda nacionalista, existe isso?

00:17

A respeito da possível mescla entre nacionalismo e comunismo encontrei há instantes o texto seguinte, retirado do sítio Corrente Comunista Internacional:

«Muitas correntes que reivindicam a luta para o comunismo assumem sem reservas uma postura de defesa do nacionalismo, portanto da pátria. Outras tentam dissimular a questão em nome de uma luta em defesa da independência e contra o imperialismo. Será que estas duas orientações, luta para o comunismo e defesa da pátria, se completam a nível teórico e prático, se fortalecem mutuamente ou, pelo contrario, se excluem? Na história da luta revolucionária por sua emancipação, o proletariado já confrontou esta questão e lhe custou muito a falta de lucidez sobre o nacionalismo. [...]

Será que o nacionalismo é realmente compatível com o comunismo?

Um documento que, do ponto de vista teórico e histórico, fundou a perspectiva do comunismo, e que tem ainda toda validez considerando muitos aspetos que trata, queremos falar do Manifesto Comunista de Marx e Engels de 1848, é muito claro sobre esta questão quando afirma "Os proletários não têm pátria" e quando conclui pela consigna: "Proletários de todos os países! Uni-vos!". Não é nada casual que o chamamento inaugural da AIT em 1864 contém a mesma consigna.[2]
Pela sua situação, o proletariado em cada país tem a obrigação de desenvolver sua luta no lugar em que trabalha e mora. Mas não é por conta disso que tem qualquer reivindicação a defender que coincida com o interesse nacional de tal ou qual país particular: "Pela forma, embora não pelo conteúdo, a luta do proletariado contra a burguesia começa por ser uma luta nacional. O proletariado de cada um dos países tem naturalmente de começar por resolver os problemas com a sua própria burguesia" (Manifesto Comunista). Estas frases foram escritas num momento em que as interpelações internacionais eram bem menos desenvolvidas de que hoje em dia. Isso significa que não perderam nenhuma validade, muito pelo contrario.
A cena da revolução é mundial. [...]
A revolução – a luta do proletariado mundial contra a burguesia mundial - assim que se estender a novos paises deverá de maneira prioritária abolir as fronteiras nacionais, dando um final à divisão do mundo entre nações.
O comunismo, a construção da comunidade humana mundial, que significa necessariamente o fim da divisão do mundo entre classes sociais, só pode se realizar em escala mundial, pois as relações sociais de produção, que se baseiam sobre a exploração do trabalho assalariado, só podem ser abolidas nesta escala.
Visto que o socialismo só pode se edificar em escala mundial e não em cada país de maneira separada, a luta pelo comunismo e a defesa do projeto da revolução proletária são, na nossa época, totalmente antagônicos com qualquer tarefa de defesa da nação, da pátria pelo proletariado.
Disso resulta que qualquer pretensão em mudar as relações sociais de produção no âmbito dum país só, constitui uma automistificação, ou seja, uma tentativa de enganar o proletariado. A revolução russa ilustrou tragicamente esta realidade. Na Rússia soviética isolada, não tinha nenhuma possibilidade de construir o socialismo. Só o pior representante da contra-revolução, o stalinismo, podia afirmar o contrário, com sua teoria do socialismo num só país. Este isolamento condenou o estado que surgiu depois da revolução a degenerar e a se tornar vanguarda da contra-revolução mundial.
É por isso que o desenvolvimento do sentimento nacionalista é totalmente antagônico ao desenvolvimento da consciência pela classe operária das necessidades de seu projeto revolucionário.

Será que se pode defender a pátria sem defender o capitalismo?

Segundo o que expomos resumidamente, a defesa da pátria e a perspectiva da revolução proletária mundial são antagonistas. Alem disso, de maneira prática, a propaganda nacionalista constitui um dos piores venenos ideológicos para subordinar os proletários aos interesses da burguesia.
A burguesia mundial é divida em frações nacionais que entram em concorrência econômica e imperialista. São as necessidades desta concorrência, cada vez mais agudas por conta do agravamento da crise, que empurram a intensificar a exploração do proletariado por parte da burguesia. Para tentar obter a adesão dos proletários a estas necessidades, para fazê-los aceitar os sacrifícios, a burguesia tenta insuflar o nacionalismo nas fileiras operárias.
O sacrifício supremo do proletariado às necessidades do capitalismo se encontra quando ele é arregimentado atrás das bandeiras nacionais, nas guerras imperialistas, nas quais ele chega a consentir em dar sua própria vida para uma causa que não é a sua.
Assim, podemos dizer que o nacionalismo é uma das formas ideológicas mais perigosas da dominação da burguesia sobre a sociedade.
Os exemplos mais dramáticos disso são constituídos pelas duas guerras mundiais nas quais o proletariado existia só como bucha de canhão, incapaz de opor sua própria perspectiva à barbárie da burguesia. Hoje em dia, se a burguesia conseguisse arrastar os principais batalhões do proletariado mundial no nacionalismo e na defesa da pátria, então isso significaria o afundamento da humanidade, sem possibilidade de retorno, numa barbárie que implicaria provavelmente sua regressão trágica, talvez seu desaparecimento. É por isso que a primeira responsabilidade de uma organização que reivindica o projeto histórico do proletariado é a defesa intransigente do internacionalismo e a denúncia, sem tréguas, de qualquer forma de nacionalismo.
Terminamos esta ilustração da nocividade do nacionalismo com um exemplo do perigo do nacionalismo das nações oprimidas nas fileiras operarias: o caso da Polônia e do proletariado polonês em dois momentos sucessivos mais diferentes da sua história. A independência da Polônia contra a opressão tzarista era uma das reivindicações centrais das 1ª e 2ª internacionais. Entretanto, desde o fim do século XIX, Rosa Luxemburgo e seus camaradas poloneses questionaram esta reivindicação colocando em evidência, notadamente, que a reivindicação pelos socialistas arriscava enfraquecer o proletariado deste país. A realidade comprovou isso. Em 1905, o proletariado polonês tinha constituído a vanguarda da revolução contra o regime tzarista. Entretanto, em 1917 e depois, ele não manteve essa dinâmica. Ao contrario: o meio mais importante encontrado pelas burguesias inglesa e francesa para paralisar e derrotar o proletariado polonês foi de conceder independência à Polônia. Os operários deste país foram assim arrastados por um turbilhão nacionalista que os levou a dar as costas à revolução que estava desenvolvendo-se do outro lado da fronteira oriental e até alguns deles a se engajar nas tropas que combateram esta revolução. O fato da maioria de os operários poloneses ter seguido as bandeiras nacionalistas depois de 1917 teve conseqüências trágicas. A sua não participação, até sua hostilidade para com ela, impediram a junção geográfica da revolução russa e da revolução alemã. E se esta junção tivesse acontecido, é provável que a revolução mundial teria sido capaz de vencer, poupando assim a humanidade de toda a barbárie do século XX que continua até hoje.
[...] 
O ponto de convergência entre todos os nacionalismos, de "direita" como de "esquerda": a defesa do capital nacional 
Apesar de, muitas vezes, se considerar como fazendo parte de campos diferentes, até opostos, à vezes se combater, todas a frações nacionalistas finalmente convergem na defesa do capital nacional.
[...] resta escolher [...] "internacionalismo sem nenhuma concessão", ou "patriotismo".»
(Para continuar a ler o artigo, consultar o sítio Corrente Comunista Internacional)
A questão é pertinente e nada mais actual. Ou todos, ou ninguém, lê-se aqui. Mas ainda há muitas perguntas sem resposta.

Cultura

Apresentação do livro O Rei do Volfrâmio, de Miguel Miranda

23:12

No dia 24 de Maio, pelas 16:00 horas, Miguel Miranda estará na livraria Centésima Página, em Braga, para apresentar o seu mais recente romance O Rei do Volfrâmio, editado pela Dom Quixote.

«É em Vilar das Almas que o autor cria uma mina de volfrâmio, a Mina Paraíso, onde Petrónio Chibante, da Guerra Civil de Espanha à Segunda Guerra Mundial, se transforma no Rei do Volfrâmio, para achincalhamento do seu antigo patrão, o proprietário e industrial de serração Martinho Caga-Notas, a quem tinha conseguido, em golpe de mestre, comprar a bouça que lhe deu a fortuna e o titulou, e, também, para grande desespero do ricaço, torna-viagem, Império Amásio, um quase Conde, obrigado a assistir ao coroamento do Chibante, um verdadeiro rei, enquanto ele, nessas coisas do nobiliário, se ficou meio dentro, meio fora.
Fazendo entrecruzar passado e presente, por vezes mesclado em futuro, apelando a outras vivências e personagens, que o intuito deste apontamento dispensa de apresentar, pelas páginas do livro, para além de outros nomes locais, encontramos, ainda, a G.N.R de S. Julião de Freixo e ouvimos, ressuscitada, a Banda dos Bombeiros de Ponte de Lima.» (Fonte: Da minha sebenta)


Língua

Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico foi hoje aprovado

14:52

«A votação, hoje, do protocolo, que prevê a inclusão de Timor-Leste no âmbito do acordo e estabelece que, no prazo acordado de seis anos, o acordo ortográfico poderá entrar em vigor em todos os países de língua oficial portuguesa desde que três o tenham ratificado (bem como este novo protocolo adicional), decorreu sem surpresas. [...]

Falando aos jornalistas no final do debate, o ministro da Cultura manifestou-se "muito contente" e rejeitou que o Governo tivesse feito "ouvidos de mercador" ao abaixo-assinado que recolheu mais de 20 mil assinaturas na net.

"Não parece ser o momento adequado para levantar esse tipo de problemas. Só tenho pena que nos últimos 17 anos, desde a ratificação do acordo ortográfico, não se tenha falado nem feito muitas diligências", disse Pinto Ribeiro.»

Fonte: clix.expresso.pt

Identidade

Das fronteiras

12:27

Transfiro para este post uma reflexão de Fernando Manero no seu blog "Campos Abiertos":
«Cuando desaparece la frontera, no desaparece todo. Permanecen los restos de lo que en otro tiempo fue lugar de trueque y de discontinuidad, de cambio y de ruptura. La relación ahora es fluida, nadie la controla, el tránsito se desenvuelve como si nada ocurriera, normal e ininterrumpido, uniendo espacios que en otro tiempo se miraban e ignoraban a la vez. Hay quienes las echan de menos, pues a sus expensas siempre afloró el negocio que paradójicamente nadie controlaba. Línea de rigor y de informalidad al tiempo. Pero no son la mayoría. La mayoría se desentiende de ellas, se muestran satisfechos porque ya no es necesario el pasaporte, porque les da sensación de libertad y les ahorra tiempo. Pero eso sí: siempre, aunque furtiva, casi sin darse cuenta y de soslayo, hay una mirada que se detiene en los testimonios residuales de una realidad que en otro tiempo nos mostró que a uno y otro lado las cosas eran diferentes, a veces demasiado.»
Achei-o pertinente principalmente depois de ter escrito os últimos posts acerca do galego e da lusofonia.
É isto que nos obriga a não deixar de questionar a linha ténue que nos obrigamos a traçar e que distingue o que nós entendemos por desejável e o que é a realidade. A linha ténue da indistinção entre a utopia e o real, entre os valores que se querem universais, mas que se diluem, muitas vezes ao ponto de se tornarem insignificantes, na luta diária, num mundo real.
De facto, às vezes convenço-me de que a verdade é, efectivamente, momentânea e localizada.

Identidade

E porque não um referendo?

11:19

Hoje vai a votos no Parlamento a proposta de resolução do Governo que aprova o 2º protocolo modificado ao Acordo Ortográfico da língua portuguesa. Caso a votação favorável se verifique fica apenas a faltar o aval do Presidente da República para que ele etre em vigor.
O debate tem sido aceso, o que só demonstra a importância do que está em causa. Será despropositado perguntar por qual motivo não foi feito um referendo?

Espanha

Ainda sobre o galego e a lusofonia (ou direi... português... ou antes... galego ?)

03:18

Imagem: wikipedia

Devo confessar que as questões acerca do galego que agora me surgem com os debates acerca do acordo ortográfico nunca se me puseram. Desconhecia as posições que acabei por conhecer através de um post de Álvaro Iriarte Sanromán, meu professor na Universidade do Minho. E pode ler-se neste post o seguinte:

«Outra coisa é responder à pergunta “O que é o galego?” (e aqui já começo a dar resposta à segunda questão que me foi colocada).

Simplificando muito, podemos dizer que há 2 respostas, que se correspondem com os 2 grandes (e antagónicos) projectos de normalização (transformação de uma língua em veículo “normal” de comunicação numa comunidade linguística) e normativização (construção de um padrão culto) existentes na Galiza:

- a autonomista (ou isolacionista), que defende a consolidação do que hoje poderíamos muito bem chamar de galego-castelhano (norma da Real Academia Galega, RAG).

- a reintegracionista (ou lusista) que defende uma norma para o galego que poderíamos chamar de galego-portuguesa (norma da Associaçom Galega da Língua, AGAL), ou, simplesmente, português da Galiza.»
A questão interessou-me por razões pessoais e ela tem feito surgir muitas perguntas. Uma das perguntas que me tenho posto é a seguinte: não estaria a proposta reintegracionista, ou lusista (como apresentada acima) a tentar legitimar algum separatismo nacionalista totalmente desvinculado de Espanha? A legitimidade ou não deste separatismo é outra questão, muito interessante também, mas, num outro âmbito (ou não, e talvez o debate deva começar, efectivamente por aí, pelos conceitos "nação" ou "nacionalidade").
E a este respeito estive a ler o artigo de José Manuel Barbosa intitulado "Galiza e Portugal: umha ou duas naçons?" disponível no Portal Galego da Língua.Pode ler-se na conclusão deste artigo o seguinte:
«A história da Galiza nom é a da Lusitánia, nem é a de Castela; e que Portugal exista independente explica-se da mesma forma que se explica a existência duns Estados Unidos independentes da Inglaterra. Assim para a Galiza a existência de Portugal é positiva sempre do ponto de vista lingüístico como defendérom Rodrigues Lapa, Guerra da Cal e Carvalho Calero, pois fai que o nosso idioma tenha umha presença real em organismos internacionais e concretamente europeus, vantagem com a que nom contam os cataláns, bascos, ocitanos, bretons e outras naçons sem Estado da Europa. Contodo em assuntos da língua nom devem intervir problemas alheios à mesma, ainda que de facto nom é assim, como por exemplo interesses políticos, por isso que o as falas galegas e as portuguesas sejam umha mesma língua é um facto cientificamente demonstrável, mas que em questons de história som os assuntos políticos os que prevalecem. Vemos portanto que a política é a que fai a história e esta é a que cria ou destrói naçons.
De todos os jeitos as relaçons políticas ideais entre os dous territórios nacionais do ocidente peninsular seriam assumto para um livro, ou melhor, para umha colecçom de livros sobre teoria de conformaçom nacionalitária. Do nosso ponto de vista reconhecemos no Norte umha Naçom chamada Galiza, herdeira da velha Gallaecia histórica criada polo Império Romano sobre base céltica ou celtizada que ocuparia do rio Douro para Norte até o mar Cantábrico. No Sul reconhecemos outro território que chamaremos Lusitánia, embora só corresponda à Lusitánia ocidental romana, já que a oriental pertence ao actual Estado Espanhol fazendo parte das actuais regions de Castela-Leom, Castela a Mancha e Estremadura, onde ficaria a capital histórica romana: Mérida. Esta Lusitánia foi zona de expansom galaica durante a Idade Média até o ponto que a sua língua é a originária da Galiza, portanto, zona na que os interesses nacionais galegos som claros mas com caracterologia autoctone salientada pola sua maior romanizaçom, islamizaçom e moçarabizaçom, em soma, por umha idiossincrasia mais mediterránea. Assim, a nossa proposta seria a dum ente político Bi-nacional galaico-lusitano que poderíamos chamar Portugaliza conformado pola Galiza e pola Lusitánia ocidental, ambas com direito de autodeterminaçom numha unidade confederada ao estilo suíço ou seguindo o modelo belga onde cada território desenvolveria livremente a sua personalidade com total independência interna sob umha unidade superior portugalega integrada numha Europa unida da qual faria parte de facto e de direito.» (sublinhado meu)
Mesmo exaltando o espírito de unidade europeia e de solidariedade entre nações, é muito claro o que J. Manuel Barbosa propõe aqui. As últimas linhas deste artigo são muito evidentes.
Eu pergunto-me se este debate está aceso na Galiza, porque, a verdade é que por cá, é como se ele nunca tivesse existido: a Galiza sempre foi parte de Espanha e nunca se colocou a hipótese contrária.
O que me parece curioso verificar é que os grandes esforços para acompanhar a língua e a cultura portuguesas por parte da Galiza não têm merecido igual tratamento por parte de Portugal (corrijam-me se estou errada). Ainda há pouco tempo também fiquei a conhecer o sítio "Português para nós", um curso multimédia de português para galegos, uma iniciativa desenvolvida, creio, pela Direcção Geral de Juventude e Solidariedade da Junta da Galiza. Ora, não deveria ser Portugal o promotor de iniciativas desta natureza?

E, talvez a propósito ou não, ontem celebrou-se o 10º aniversário da Carta Europeia das línguas regionais ou minoritárias. No passado dia 9 de Maio pôde ler-se no sítio Eurolang a notícia de que a França se recusara a ratificar esta Carta. Dois dias antes, a 7 de Maio, o Le Figaro noticiava a crise política belga originada pelo conflito linguístico, surgido já em Novembro de 2007, como vem documentado no sítio notícias.rtp.pt.

No dia em que o Acordo Ortográfico vai novamente à Assemblia da República para ser discutido, deixo aqui, em tom de provocação, as palavras de José Manuel Barbosa no artigo referido anteriormente:
«Do ponto de vista lingüístico nom houvo nunca na Galiza mente preclara nacionalista que negasse a substancial unidade lingüística da Galiza e de Portugal, pois ambas as naçons se exprimem numha única língua histórica, mal chamada “português”, mas também nom houvo na história nengumha mente brilhante que favorecesse a assimilaçom da variante Norte pola variante do Sul, em todo caso o que si tem havido é a tentativa de unificaçom ortográfica e morfológica.
As variedadess internas actuais entre o galego da Galiza e o galego de Portugal devem-se a circunstáncias históricas que lhe dam personalidade original a cada umha das diferentes falas. Se o Algarve foi colonizado aos moçárabes e neste território falam o galego com umha peculiaridade autóctone, e se o galego do Brasil evoluiu de forma própria até dar umha formosa variante actual americana original a respeito de galego da Lusitánia, os galegos temos o direito e o dever de protegermos a nossa riqueza arcaica e singular incluso na escrita, sempre sem deixarmos de lado a nossa pertença ao mundo lingüístico comum.[...]
Por todo isto manifestamos a nossa vontade de falarmos e escrevermos galego correcto, mas falá-lo e escrevê-lo tal qual as características próprias da Galiza, nom o galego do Algarve, nem o galego de Minas Gerais; e assim se no Brasil escrevem,“tranqüilo” pronunciando com “u” e grafando com trema, e em Portugal escrevem “tranquilo” e pronunciam à portuguesa, nós queremos escrever “naçom” e pronunciar à galega, por muito que em Portugal e no Brasil escrevam “nação” e pronunciem segundo a forma galega, lusitana ou as diferentes pronuncias sul-americanas. Também manifestamos o nosso desejo de no futuro confluirmos numha única norma comum galego-luso-brasileira,sem perdermos nunca as nossas variantes léxicas, de morfologia e sintaxe, ou de pronúncia, polo que a forma “nação” seria tam válida como “naçom” e “uma” o mesmo que “umha” o qual nom impossibilitaria a unidade cara os organismo internacionais como a Uniom Europeia.» (sublinhado meu)
Nem português de Portugal nem português do Brasil. Nós falamos é galego!

Comunicação Social

Os jovens e a política

19:21




Há umas semanas atrás comentava o Presidente da República o resuldado de um estudo que, segundo a sua leitura, revelava o desinteresse dos jovens pela política. Há dois dias lia os comentários de Manuel Villaverde Cabral a respeito disto no PÚBLICO, num artigo escrito por São José Almeida:
"Os jovens de hoje, tal como há dez anos, "estão mais disponíveis para mobilizações pontuais, com contornos precisos e limitadas no tempo", mas não estão disponíveis para serem mobilizados por partidos políticos, garante Manuel Villaverde Cabral, investigador do Instituto de Ciências Sociais, que dirigiu, há dez anos, o primeiro grande estudo sobre os comportamentos juvenis em Portugal, Jovens Portugueses Hoje (Edições Celta, 1997). A questão é que "os jovens são mais instruídos, mais informados e, por isso, não são facilmente mobilizáveis", mas "são muito mobilizáveis" se considerarem que a causa é positiva, sustenta. "É verdade que há um distanciamento crescente da política", mas também "um crescente envolvimento de jovens no voluntariado", realça. [...] "Tudo depende do que está em jogo e do grau de autonomia".
Villaverde Cabral diz que "já há dez anos a falta de envolvimento dos jovens na política era notória, já havia desvinculação". E salienta que "as próprias culturas jovens são apolíticas, não políticas ou até antipolíticas".
Para o cientista social, o problema é outro e tem a ver com a interpretação da expressão "política". "Cada vez mais, quando se fala em política, as pessoas pensam em partidos e não gostam". Nos inquéritos que têm sido feitos, "é visível que, quando são apresentados os valores políticos só por si, os jovens aderem e acreditam", sublinha.
O desfazamento entre os jovens e a política institucional, partidária e parlamentar, diz, tem a ver com o facto de "a política partidária não mobilizar e só pretende atrair os jovens para votar". "A abstenção é a manifestação benigna de estar contra o sistema", sustenta.
O investigador sublinha ainda que "cada vez que os jovens reivindicam com base nas suas causas e nos seus problemas, os políticos tratam-nos como menores e mandam-nos para casa". A propósito, lembrou o caso da "geração rasca", expressão usada por Vicente Jorge Silva, então director do PÚBLICO, para classificar os jovens que, numa manifestação antipropinas, mostraram o rabo com letras escritas, formando a frase "Não pagamos". Villaverde Cabral conclui: "O erro foi da análise, porque os jovens mostraram o rabo e mostraram bem, porque perceberam que as causas só existem se existirem na televisão." (São José Almeida, "Jovens estão distantes da política institucional" in PÚBLICO, 12 de Maio de 2008, pp. 16-17 (sublinhado meu))
E a propósito de participação e de política, Boaventura de Sousa Santos (B. de Sousa Santos (1994). Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto: Afrontamento), há uns anos atrás, chamava a atenção para a ausência em Portugal do que então definiu como Novos Movimentos Sociais. E dizia ele que esta ausência se poderia dever a três factores: 1) o surgimento de novos partidos políticos que apareciam contra os NMS, 2) a forte pressão da Igreja Católica para impedir movimentos progressistas quer de padres quer de leigos e 3) o constante aliciamento de participação clientelística aos novos protagonistas por parte dos velhos partidos políticos.
O que caracterizava estes NMS, que B. de Sousa Santos entendia como emergentes em diferentes partes do globo mas com dificuldades de se fazerem sentir em Portugal, era, precisamente, o meio onde surgiam - a sociedade civil - mantendo vincado o seu distanciamneto em relação a partidos políticos ou ao Estado. Mesmo que, muitas vezes, o impacto procurado fosse político, os NMS visavam interesses localizados, mas facilmente universalizáveis. O facto é que, como bem notou B. de Sousa Santos, a distância que os NMS diziam manter dos partidos políticos era apenas aparente e que, na maior parte das vezes, esses NMS mantinham alianças com partidos e/ou sindicatos e, em certos casos, acabavam mesmo por se transformar em partidos políticos.
Eu diria que, hoje, estamos além dos NMS. É verdade que já assistimos a Movimentos Sociais em Portugal, mas, creio, a participação política desejável vai além deles, muito além deles.
Como bem referiu Villaverde Cabral no artigo citado acima, os jovens de hoje "não são facilmente mobilizáveis", mas eu diria mais: nós não somos facilmente manipuláveis. Há uma recusa da nossa parte em seremos marionetas de partidos políticos ou sindicatos na luta por votos ou protagonismo. Recusamos terminantemente dar voz a querelas partidárias e queremos unicamente "transformar o dia-a-dia das vítimas de opressão hic et nunc". "Estão mais disponíveis para mobilizações pontuais, com contornos precisos e limitadas no tempo", porque essa é a única forma de mobilização em depositamos os nossos esforços sem nos vermos presos a uma militância em que não acreditamos.
E, ao contrário do que a sociedade nos faz crer, nós, jovens de hoje, não somos herdeiros de nenhuns direitos conquistados no Maio de 68 ou no 25 de Abril. Nada nos é dado como garantido e nós assim não o julgamos; temos hoje que lutar por e reivindicar talvez os mesmos direitos que os nossos pais reivindicavam há mais de trinta anos atrás [e faço aqui a devida vénia aos protagonistas que estiveram no palco das lutas desses tempos, pois estou consciente que acaso não tivessem existido estaríamos muito pior].
Vivemos na era das incertezas, convivemos com elas, e por isso recusamos o que nos soa a dogma, autoritarismo e opressão.
Talvez as nossas formas de reivindicar pareçam pouco ortodoxas aos olhos dos nossos pais - e eu faço parte da "geração rasca" que baixou as calças e mostrou o "Não pagamos" escrito onde se sabe - mas, não que entendamos que os fins justificam os meios, simplesmente quanto maior é a indiferença por parte de quem detém o poder (seja ele qual for), mais radicais se tornam as acções para chamar a atenção. E, no pior dos casos, torna-se apatia.
Não, nós não estamos alheados da política, embora sintamos que a política se alheou de nós quando nos trata como meros miúdos inconsequentes e impertinentes.
Surja uma causa em que acreditemos e verão surgir as movimentações juvenis, redes de solidariedade, que só quem anda muito, muito distraído ainda não notou.
E não, não precisamos de partidos, sindicatos, organizações ou Movimentos Sociais para nos organizarmos. E tenham a decência de não nos rotularem quando o decidimos fazer.
Somos cidadãos e indivíduos e recusamos ser números na multidão ou fantoches de lutas que não são as nossas. Temos opinião e voz e recusamos intermediários.

Espanha

Do galego e a lusofonia

11:22

Deixo aqui o comentário pessoal que Fernando Manero fez no seu blogue "Campos Abiertos" ao meu post sobre a notícia do clix.expresso.pt acerca da manifestação em defesa do reconhecimento do galego como parte da lusofonia:

«[...] Que hablen los lingüistas, que los políticos asuman el alcance y significado de la iniciativa, que todos comprendan el sentido de una conexión lógica, en la que no hay - ni debiera haber- amenazas o recelos para nadie y por parte de nadie. Pero, sobre todo, que los vínculos que históricamente han unido a Galicia con Portugal - y que en estos momentos son estrechísimos - nos sigan aportando experiencias y resultados que evidencien lo mucho que representa el mensaje trasmitido desde la bellísima lengua de Camoens, Pessoa, Saramago o Torga, del mismo modo que nos adviertan de que jamás podremos pasar por alto el valor de las obras de Castelao, Cunqueiro o Rosalía. Un patrimonio inmenso para todos.

Y todos nos sentiremos siempre enriquecidos con todo lo que nos venga del Oeste, de las tierras que han mirado históricamente al Atlántico y que hoy dirigen el otro de sus ojos hacia Europa en una complementariedad de enfoques y miradas que les procura admirable personalidad. [...]»
E transfiro também para este post o comentário que Álvaro Iriarte Sanromán deixou ao meu post acima referido:
«A única possibilidade de ouvir rádio ou ver televisão portuguesa na Galiza é viver nalgumas regiões fronteiriças ou recorrer ao uso de antenas parabólicas ou da TV por cabo.
A recepção livre de televisão e rádio proveniente de um outro estado (como acontece, por ex., na Suiça ou na Bélgica) não é possível na Galiza.

Sobre a “excelente saúde” do galego a que se faz referência no primeiro comentário, só dizer, que se isso for realmente assim, como explicar a clara perda de novos falantes? (vd., por exemplo os quadros em http://debuxos.blogspot.com/2008/04/os-galegos-e-o-acordo-ortogrfico.html).»
Obrigada aos dois!

África

De Bob Geldof e Angola

10:55

Geldof só disse cara a cara o que se vai lendo por vários sítios angolanos de informação não oficial (deixo em seguida um exemplo disso). Mas, claro que a mesma informação proferida por um Sir numa festa do BES num Hotel de Lisboa tem outro impacto!
«O jornal indepente angolano Folha 8 comentava na pessoa Isabel dos Santos e sobre a sua pilhagem dos fundos publicos em complicidade do seu pai José Eduardo dos Santos.
Na referência li: Isabel dos Santos, filha do presidente vitalicio (tudo o indica) de vAngola, continua a somar pontos no mundo economico, "retirando" ao pai o odioso onus comum a todos os ditadores, nomeadamente africanos, de ter no estrangeiro os muitos milhões roubados aos milhões de angolanos que, 32 anos depois da independência e cinco apos os acordos de paz, continuam a nascer com fome, a (sobre) viver com fome e - para nãovariar - a morrer de barriga vazia.
Se se olhar para Isabel sem a preocupação de se saber a origem do dinheiro que faz dela, aos 34 anos, uma das mulher mais ricas do mundo, poderemos falar- fazendo fé, sobretudo, na opinão dos seus pares espalhados por todos os lados- de dinamismo, inteligência, professionalismo, espirito empreendedor etc.. tudo qualidades que quando aliadas a dinheiro facil fazem de qualquer um exemplo. Exemplo bom para os que, directa ou indirectamente, comem na mesma gamela. Péssimo exemplo para os que, embora filhos da mesma nação, vegetam nos corregos da lixeira para alimentar os filhos.
Para além dos négocios que se desconhecem o segredo é a alma de muitos deles Isabel tem peso no Grupo Espirito Santo, Portugal Telecom, Américo Amorim e Green Cyber.
E, como convém na linha sucessoria dos ditadores, com Isabel està o seu marido, Sindica Dokolo, que abre caminho a mais negocios na Republica Democràtica do Congo, pais de origem de Dokolo, ele proprio filho de um multimilionàrio cuja fortuna a exemplo de Angola resulta exploração do povo e de negocios feitos com a criminosa conivência dos paises ocidentais que, desde sempre, consideram que é mais fàcil negociar com ditaduras do que com regimes democràticos.
Alias, a prova de que as ditaduras são terrenos fértis para os grandes negocios pode ser aquilatada pelo facto de a filha de Eduardo dos Santos ter também proveitosos negocios em parceria com israelitas.
Entres outros, é disso exemplo o empreendimento agricola Terra Verde que, desde 2002, abastece não so a restauração de Luanda na qual Isabel também tem interesse, como também as empresas diamantiferas e petroliferas nas quais, mais uma vez, Isabel dos Santos tem responsabilidades. Acresce que a filha do presidente também participa na Sagripek, sociedade de agro-pecuària em que veja-se entram o Banco Africano de Investimentos (BAI) e os irmãos Faceira (parceiros da Escom e intimos de Eduardo dos Santos).
No caso da sociedade Terra Verde, Isabel conta com o preciso apoio do russo Gaydamak, um empresàrio impoluto que fez fortuna de diversas formas ilegais, entre as quais o tràfico de armas para Angola.
Terà este desiderato algo a ver com o facto de o MPLA, partido no poder desde a independência, em 1975, ser dirigido com pulso de ferro pelo seu pai?
Claro que Não. O MPLA, o Governo e o presidente da republica, ou seja, José Eduardo dos Santos, seriam incapazes de favorecer a filha do presidente, mesmo sabendo-se que todos os grandes e milionàrios negocios so são feitos se o dono do pais assim o entender.
Dizer-se que Isabel dos Santos està intimamente ligada ao negocio dos diamantes e do petroleo é, com certeza, uma mentira. Dizer-se, como o fez hà três anos a Partenariat Afrique Canada, que Isabel tinha conta direcya com a Tais que, por sua vez, era accionista da Ascorp, por sua vez, comprava diamantes de sangue, não passa- é bom de ver -de alfrabics que so visam manchar o bom nome da familia Eduardo dos Santos.
Falso serà com certeza o que a Antwerp Facet News Service, organização belga ligada aos diamantes, afirma. ao dizer que a Angola Diamond Corporation é "detida pelo empresàrio Noé Baltazar e por Isabel dos Santos", e que explora uma das maiores produções de diamantes no Camutué, inicialmente adjudicada à Sociedade Mineira do Lucapa, "joint venture" da estatal portuguesa SPE com a Endiama, é com certeza mais uma falsidade.
Além de Noé Baltazar, Isabel conta com a ajuda do multi-milionàrio russo/israelita Lev Leviev, socio da mina do Catoca, a maior dsete pais, e da ùnica unidade de lapidação de diamantes de Angola.
E claro que, do ponto de vista oficial, a jovem filha de Eduardo dos Santos, bem como o seu pai, nada têm que os ligue a negocios menos claros. Pura e simplesmente são quem mandam, sem que os seus nomes apareçam.
Para além disso, com os enormes paraisos fiscais do mundo ocidental, não é dificil pensar que a familia real de Angola domina muitas das empresas europeias, mas não so. Não hà continente onde, por via indirecta, a familia de Eduardo dos Santos não tenha interesses.»

Direitos

Integrar o galego na lusofonia

15:03

«A Associação Galega da Língua (AGAL) promove domingo uma manifestação em Santiago de Compostela para defender o reconhecimento do galego como parte integrante da lusofonia e denunciar as políticas de normalização linguística desenvolvidas pelo Estado espanhol.

"Não temos nenhum problema que a língua galega se chame português", assegurou Alexandre Banhos Campo, da AGAL, em declarações à Lusa, alertando que "o português da Galiza está numa situação muito difícil".

"O mundo tradicional que funcionava na língua galega está em quebra", lamentou.

Os dados estatísticos que referiu indicam que "90 por cento dos galegos, com mais de 65 anos, falam português da Galiza, mas essa percentagem é muito reduzida entre os que têm menos de 20 anos".

"O processo de reconhecimento autonómico e político levou a uma espécie de oficialização da língua galega, mas o modelo que nos é imposto nas escolas e na comunicação social é baseado no padrão castelhano", afirmou Alexandre Banhos Campo.

Nesse sentido, "como o português é uma língua estrangeira para os espanhóis, a aproximação do galego à lusofonia é entendida como um delito".

"Não queremos que o galego seja uma língua estrangeira para o português", afirmou.

Alexandre Banhos Campo recordou que o Norte de Portugal e a Galiza foram "o berço da lusofonia", frisando que "o português original era a língua que se falava no século IX entre as cidades do Porto e Santiago de Compostela".

Por isso, defendeu que "o galego se confunda com o português", mantendo, no entanto, as suas especificidades próprias.

"No Rio de Janeiro fala-se de uma forma diferente da que se fala em Lisboa, mas ninguém duvida que são as duas português", frisou.

Alexandre Banhos Campo frisou que se vive na Galiza "um processo de substituição linguística que não se pode chamar de normalização".

Nesse contexto, revelou que "a Galiza está cheia de pessoas que perderam os seus postos de trabalho por dizerem que a sua língua é o português".

"Na Galiza é proibido receber as televisões portuguesas, o que, além de dever preocupar as autoridades portugueses, vai contra o que aprovou por unanimidade o parlamento galego", afirmou.»

Fonte: clix.expresso.pt

Proibição de receber televisões portuguesas?!... Pessoas que perderam os seus postos de trabalho?! Chegamos mesmo a isto?


Direitos

Windows e Ubuntu no meu portátil

18:33


Depois de instalar o Ubuntu como sistema operativo exclusivo num velho computador, decidi fazer a partição do disco do meu portátil para poder também instalar o Ubuntu (uma vez que ainda necessito usar Windows).
É certo que o computador fica um pouco mais lento e que só posso usar Internet sem fios com o Windows - uma vez que o Ubuntu exige-me ligação de rede - mas ainda assim vale a pena.
Por alguma razão que desconheço não foi possível instalar a última versão do Ubuntu (8.04), mas fiquei a trabalhar com a versão 6.10.
Deixei o velho computador com o meu pai, talvez o convença a levar Linux para o seu escritório.

Biosfera

Ainda sobre o aumento do preço dos cereais: o caso do Haiti

01:57


"[...] In the United States and around the world, grain stocks have been depleted, energy costs have skyrocketed, and prices of food staples are inflated by increased use of grain to feed livestock in middle-income countries and supply ethanol plants. [...]

Food insecurity in Haiti has deep historical roots and can be tied to interventionist policies of foreign governments - from the brutal and slave-dependent sugar production that made Haiti France's richest colony to the current US practice of grain dumping. In the 1980s and 1990s,
under pressure from international financial institutions and the United States, Haiti lifted tariffs that protected the livelihoods of its rice farmers, leaving local producers unable to compete with heavily subsidized US agribusiness. The United States gave Haiti rice as "food aid." Such assistance is highly profitable for US producers but disastrous for Haiti's small farmers, and resulted in dramatic decreases in local production of this staple. In short order, the tiny country of Haiti became the fourth largest importer of US rice.

These stressors are not isolated to Haiti. Generous subsidies of agribusiness and shipping companies disguised as food aid have enormously deleterious effects on the local production of food and livelihood of farmers who live on a small economic margin. Acute shortages superimposed on chronic food insecurity are like matches on gasoline in countries like Haiti, where the large majority of people earn less than $2 a day and spend more than half their income on food. It is past time for the United States, other donor governments, and large aid agencies to reexamine agricultural, trade, and aid policies to prevent more crises, and to work with local farmers and markets to assure lasting food security.

First,
nongovernmental organizations should stop buying surplus US grain at cheap prices, subsidized by US taxpayers, and then reselling it in developing countries for profit. Such programs undermine local production and local markets. CARE acted wisely last year when, after examining the effects on local farmers, it opted instead for cash transfers to directly aid local food production and purchasing.

Second,
foreign aid for food security should be increased and separated from the US Farm Bill. The current linkage serves to tie the financial interests of the agricultural and shipping industries with aid instead of having assistance driven by an analysis of local needs. Food aid is the only form of international assistance almost entirely outside the purview of the House and Senate foreign relations committees.

Last, t
he world's poorest countries must be released from their enormous debt to international financial institutions, most of which was incurred to support ruthless dictators and never reached the neediest. [...]

Since most of the world's poor and malnourished populations depend on agriculture for their income, higher grain prices would benefit small producers if they could compete in global markets. However, subsidies of the US food industry create a steep gradient against fairness.
When subsidies are couched as "food aid" they are deeply cynical and infringe on the basic right to food that should be afforded to all."
Fonte: "Feeding Haiti" em HaitiAnalysis.com

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